O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (democrata), e seu antecessor, o ex-presidente Donald Trump (republicano), estarão frente a frente em um debate pela 1ª vez em 4 anos nesta 5ª feira (27.jun.2024). O embate, uma reedição da disputa de 2020, é visto como crucial para os eleitores indecisos antes das eleições de novembro.
O debate será realizado antes mesmo de Trump e Biden aceitarem oficialmente as indicações de suas legendas para o pleito de 2024, já que as convenções nacionais dos partidos Democrata e Republicano estão marcadas para julho e agosto. Programado para começar às 22h (horário de Brasília), o evento terá uma duração de 90 minutos e incluirá 2 intervalos comerciais.
Para assegurar o que a rede anfitriã CNN espera ser uma “discussão civilizada”, os microfones dos candidatos serão silenciados, exceto durante as perguntas diretas. O objetivo é evitar as interrupções que marcaram o debate de setembro de 2020. Na época, jornalistas e analistas políticos descreveram o evento como um “desastre” e “o pior debate presidencial da história”. Além disso, não haverá plateia no estúdio.
A transmissão será feita pela CNN em várias plataformas, incluindo ABC e ABC News Live, com a cobertura pré-debate iniciando às 21h (horário de Brasília) na CNN. O debate será mediado por Jake Tapper e Dana Bash, âncoras da emissora.
Para participar, Biden e Trump precisaram estar em cédulas estaduais suficientes para alcançar 270 votos no Colégio Eleitoral e alcançar pelo menos 15% em 4 pesquisas nacionais, critérios que excluíram candidatos de 3ª via como Robert F. Kennedy Jr.
O debate não contará com declarações de abertura, e cada candidato terá 2 minutos para responder às perguntas, com 1 minuto adicional para réplicas e 1 para tréplica. Também não serão permitidos adereços ou notas pré-escritas, mas papel, caneta e água estarão disponíveis.
Um sorteio determinou as posições do pódio e a ordem das declarações finais. Segundo a CNN, a campanha de Biden ganhou no cara ou coroa e escolheu o pódio à direita dos telespectadores. Como resultado, a equipe de Trump optou por fazer a declaração final de encerramento da noite.
O QUE ESPERAR
Biden entra no debate presidencial sem uma vantagem clara sobre seu oponente, com as pesquisas indicando um cenário de empate técnico em diversos estados decisivos —os chamados “swing states”. Isso pode levar o democrata a aproveitar os holofotes para adotar uma postura mais agressiva contra Trump nesta 5ª feira (27.jun).
O debate é realizado quase 1 mês depois de Trump ser considerado culpado de 34 acusações criminais em Nova York, tornando-se o 1º presidente dos EUA na história a ser condenado pela justiça comum. Durante meses, Biden evitou atacar o republicano por seus processos criminais, temendo que isso pudesse ser interpretado como interferência política. No entanto, desde o veredito de Trump em 30 de maio, Biden não hesitou em chamá-lo de “criminoso condenado” que “perdeu o controle”.
Espera-se que o presidente eleve o tom e aproveite os problemas jurídicos de seu adversário a seu favor. No entanto, há riscos, já que Trump provavelmente usará a condenação e os antecedentes de Hunter Biden contra ele. Em 11 de junho, o filho mais velho do presidente foi considerado culpado de 3 acusações relacionadas à compra de um revólver em outubro de 2018, durante um período em que fazia uso de drogas como cocaína e crack.
Além disso, Trump planeja levantar questões sobre a idade de Biden e sua capacidade de cumprir um 2º mandato na Casa Branca. Aos 81 anos, Biden é atualmente o presidente mais velho da história dos EUA. Se reeleito, terminaria seu mandato aos 86 anos.
Biden considera que este é um momento crucial para reconquistar o apoio entre os grupos-chave de sua base, como afro-americanos, latinos e jovens eleitores, enquanto Trump enfrenta desafios entre os eleitores mais velhos, uma área que a campanha do democrata deve explorar.
Aborto e imigração
Os temas em destaque no debate incluem a economia, o aborto, a política de imigração e a política internacional, especialmente o apoio militar dos EUA à Ucrânia e a Israel.
No tópico aborto, Trump enfrenta desafios, especialmente depois de suas nomeações para a Suprema Corte (os juízes Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett) terem facilitado a reversão da jurisprudência Roe vs. Wade. A decisão retrocedeu em décadas de proteções ao direito ao aborto nos EUA, resultando em restrições severas em várias partes do país.
Embora Trump se orgulhe de sua influência nesse processo, uma posição que Biden certamente atacará nesta 5ª feira (27.jun), ele afirma que não apoiaria uma proibição nacional do aborto se reeleito. Também declarou ser “fortemente a favor” do aborto em casos como estupro, incesto e situações de risco de vida. Afirmou ainda o seu apoio ao acesso à fertilização in vitro no país. Mas a sua credibilidade em questões de saúde feminina ainda deve ser questionada.
Biden, por outro lado, enfrenta descontentamento pela sua gestão da imigração. Sua administração tem sido duramente criticada pela maneira como gerencia o fluxo de imigrantes na fronteira com o México. Trump, conhecido por sua postura rígida contra a imigração ilegal, provavelmente explorará essa vulnerabilidade para ganhar vantagem no debate.