WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira que a Suprema Corte do país deveria instruir a chefe de um tribunal de segurança nacional a interrogar autoridades do FBI e do Departamento de Justiça a respeito do uso que fizeram de um chamado dossiê da Rússia como parte de uma investigação sobre suspeita de conluio.
Trump citou Bruce Ohr, funcionário do Departamento de Justiça, em uma mensagem do Twitter na qual aparentemente refere-se a um analista da emissora Fox News. Ohr está ligado ao dossiê de alegações sobre um possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia.
O dossiê foi compilado pelo ex-espião britânico Christopher Steele durante um trabalho financiado em parte pelo Comitê Nacional Democrata (DNC). Críticos republicanos do dossiê concentraram seus ataques no elo com o DNC e com a vigilância norte-americana a pessoas ligadas a Trump.
"Ohr disse ao FBI que ele (o dossiê falso) não é verdadeiro, que é uma mentira, e o FBI estava determinado a usá-lo mesmo assim para prejudicar Trump e para perpetrar uma fraude na corte para espionar a campanha de Trump", disse o presidente em uma série de tuítes.
"Isto é uma fraude na corte. O juiz principal da Suprema Corte dos EUA está a cargo da corte FISA. Ele deveria instruir a juíza principal, Rosemary Collier, a realizar uma audiência, arrastar todas aquelas pessoas do Departamento de Justiça e do FBI até lá, e se descobrir que crimes foram cometidos, e foram, deveria haver um encaminhamento criminal de sua parte", disse Trump em um tuíte, errando a grafia do nome da juíza.
Rosemary Collyer é a juíza principal do Tribunal de Supervisão de Inteligência Estrangeira, que supervisiona pedidos de vigilância eletrônica e mandados de busca solicitados por autoridades federais.
Alguns republicanos afirmam que o dossiê russo de Steele, que contém uma série de alegações inflamatórias e obscenas sobre Trump, foi usado indevidamente por autoridades do FBI e da Justiça para convencer a corte FISA a prorrogar um mandado de vigilância sobre um assessor de campanha de Trump.
O procurador especial Robert Mueller está investigando os esforços da Rússia para influenciar o resultado da eleição presidencial de 2016 e um possível conluio com a campanha de Trump.
Agências de inteligência dos EUA concluíram que Moscou tentou ajudar Trump a vencer a eleição, mas o Kremlin nega interferência. Trump nega qualquer conluio e disse que o dossiê de Steele é "fajuto".
(Por David Alexander)