Por Steve Holland e John Walcott
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, removeu nesta quarta-feira seu estrategista-chefe, Steve Bannon, do Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), revertendo sua controversa decisão anterior de dar a um conselheiro político um cargo sem precedentes em discussões de segurança.
A reformulação do NSC por Trump, confirmada por uma autoridade da Casa Branca, também promoveu o general Joseph Dunford, chairman dos chefes de Estado-Maior, e Dan Coats, diretor da Inteligência Nacional, que chefia todas as 17 agências de inteligência dos EUA. A autoridade disse que a mudança coloca o NSC “de volta à sua função central do que deve fazer”.
O ato também aparenta marcar uma vitória para o assessor de segurança nacional H.R. McMaster, que disse a alguns especialistas de segurança nacional que sentiu que estava em uma “batalha até a morte” com Bannon e outros na equipe da Casa Branca.
A equipe da Casa Branca de Trump tem enfrentado conflitos internos e intrigas que afetaram o governo. Nos últimos dias, diversas outras autoridades seniores norte-americanas das Relações Exteriores e segurança nacional disseram que mecanismos para moldar a resposta do governo Trump a desafios como Síria, Coreia do Norte e Irã ainda não estão em ordem.
Críticos ao papel de Bannon no NSC disseram que o cargo deu peso demais em tomadas de decisões para alguém que não possuía expertise em política externa.
Antes de se juntar ao governo Trump, Bannon comandava o Breitbart News, um site de direita.
Em alguns aspectos, Bannon representa a retórica nacionalista da “América Primeiro” de Trump, ajudando a impulsionar seu fervor anti-Washington e pressionando para que o presidente se distancie quando necessário do establishment do Partido Republicano.
O deputado norte-americano Adam Schiff, democrata no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, classificou a mudança no NSC de um passo positivo que irá ajudar McMaster a “ganhar controle sobre um órgão que estava sendo politizado pelo envolvimento de Bannon”.
“À medida que a política do governo sobre Coreia do Norte, China, Rússia e Síria continua à deriva, podemos somente esperar que esta reformulação traga algum nível de visão estratégia ao órgão”, disse.
A remoção de Bannon do NSC é um possível retrocesso para sua esfera de influência na Casa Branca de Trump, onde tem voz na maioria das grandes decisões.
A autoridade da Casa Branca disseque Bannon não era mais necessário no NSC após a saída do primeiro assessor de segurança nacional de Trump, Michael Flynn.
Flynn foi forçado a renunciar em 13 de fevereiro por seus contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kislyak, antes de Trump assumir, em 20 de janeiro.
O vice-presidente Mike Pence disse que Bannon continuará a desempenhar um papel importante na formulação de políticas e minimizou a reformulação do NSC como uma mudança de rotina.
"Isso é apenas uma evolução natural para garantir que o Conselho de Segurança Nacional esteja organizado de modo a melhor servir o presidente para resolver e tomar essas decisões difíceis", disse Pence na Fox News.