Por Steve Holland e Kiyoshi Takenaka
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que a aliança entre o seu país e o Japão é um pilar da paz e da estabilidade regionais, se distanciando das promessas de campanha sobre obrigar Tóquio a pagar mais pela cobertura dada pelos EUA em termos de segurança.
Trump e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, iniciaram dois dias de conversas com um abraço quando Abe entrava na Casa Branca, e houve mais cumprimentos e sorrisos no Salão Oval. Eles iriam mais tarde para Palm Beach, na Flórida, para uma visita de fim de semana ao refúgio de Mar-a-Lago de Trump com as respectivas mulheres.
Em entrevista à imprensa junto com Abe, Trump evitou repetir a retórica dura da campanha que acusava o Japão de se aproveitar da ajuda com segurança dos EUA e de roubar empregos norte-americanos.
"Estamos comprometidos com a segurança do Japão e de todas as áreas sob o seu controle administrativo e em fortalecer ainda mais a nossa aliança muito crucial”, declarou Trump. “A ligação entre as nossas duas nações e a amizade entre os nossos povos são muito, muito profundos. Este governo está comprometido a tornar essas relações ainda mais próximas”, acrescentou.
Um comunicado conjunto dos países afirmou que o compromisso norte-americano de defender o Japão via capacidades militares convencionais e nucleares é sólido.
O comunicado representou uma vitória para Abe, que foi a Washington para desenvolver um senso de confiança e amizade com o novo presidente dos EUA e enviou uma mensagem de que a aliança de décadas está inabalável diante da força crescente da China.
O Japão conseguiu o apoio continuado norte-americano para a sua disputa com Pequim sobre ilhas no Mar do Leste da China.
No entanto, a incerteza permaneceu em outro mar, o do comércio entre os dois países, depois que Trump retirou abruptamente os EUA do planejado acordo comercial da Parceria Transpacífico.
Abe disse que estava “totalmente consciente” da decisão de Trump de se retirar do acordo comercial multilateral, mas afirmou que Japão e EUA haviam acordado uma nova estrutura para o diálogo econômico.
"Eu estou bem otimista que bons resultados virão desse diálogo”, declarou ele, acrescentando que o Japão buscava regras comerciais comuns e justas na região.
Trump, que falou pelo telefone na quinta-feira com o presidente da China, Xi Jinping, também afirmou que considerava o programa nuclear da Coreia do Norte uma “prioridade muito, muito alta”, mas não deu indicações de como a sua abordagem seria diferente da do seu antecessor, Barack Obama.
Ele previu um panorama comercial equilibrado com a China logo.
DIPLOMACIA NA FLÓRIDA
Na visita a Mar-a-Lago, Trump usará pela primeira vez o seu refúgio na Flórida para fins diplomáticos. A ocasião também representa o maior intervalo de tempo que Trump vai passar com um líder estrangeiro desde que tomou posse no mês passado, e é a sua segunda reunião com um aliado chave depois da conversa com a primeira-ministra britânica, Theresa May, há duas semanas.
Trump recebeu Abe na Trump Tower no ano passado na sua primeira conversa com um líder estrangeiro depois da sua surpreendente vitória eleitoral em novembro.
O Japão tem se preocupado em relação ao que a estratégia “América Primeiro” de Trump significa para a política externa norte-americana na Ásia, e o que representa a decisão de sair da Parceria Transpacífico para os laços bilaterais.
Abe prometeu que o Japão ajudaria os EUA a criar empregos, na esperança de levar Trump a dar menos ênfase a temas econômicos e manter a aliança.
Para evitar perguntas sobre se o Japão estava pagando Trump pela estadia em Mar-a-Lago, a Casa Branca declarou que toda a visita ao local, incluindo o golfe, é um presente oficial de Trump para Abe.
(Reportagem adicional de Linda Sieg)