Por Robin Emmott
AMSTERDÃ (Reuters) - A Europa precisa que a Turquia corte drasticamente o número de imigrantes que chegam à Grécia nas próximas semanas, ou a pressão por mais fechamentos de fronteiras e instalação de cercas vai crescer, disse neste sábado um alto representante da União Europeia encarregado das relações do bloco com Ancara.
Frustrado pelo fato de que refugiados continuam a entrar na Grécia apesar de um acordo, em 29 de novembro, entre Ancara e Bruxelas para reduzir o fluxo migratório, o comissário europeu Johannes Hahn disse que a Turquia deve mostrar resultados antes de um encontro de líderes europeus em uma cúpula em 18 e 19 de fevereiro.
"Este plano de ação foi acordado há mais de dois meses e ainda não estamos vendo um declínio significativo no número de imigrantes", disse ele à Reuters, após uma reunião entre ministros de Relações Exteriores da UE em Amsterdã, da qual participou o ministro turco do Exterior, Mevlut Cavusoglu,
"A Turquia pode fazer mais, não tenho dúvida", disse Hahn, acrescentando a necessidade de Ancara de transferir forças para conter a violência no sudeste da Turquia "não era desculpa" para não patrulhar sua costa ocidental e cooperar com a Grécia.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, deve publicar nesta quarta-feira um relatório sobre o progresso da Turquia na implementação de um acordo de imigração. A expectativa é que o documento seja crítico, embora a polícia turca tenha feito algumas prisões de traficantes de pessoas e o governo tenha introduzido um esquema de permissão limitada de trabalho para refugiados sírios.
"Precisamos de resultados antes da cúpula da UE, para mostrar para os líderes que isso está funcionando", disse Hahn. "Estou preocupado de que não haja tempo."
Mais de um milhão de pessoas chegaram à Europa no ano passado, fugindo da guerra e de Estados falidos no Oriente Médio e no norte da África. Números mostram poucos sinais de que isso vá mudar agora, apesar do inverno.
Questionado sobre o custo de um acordo fracassado com a Turquia, Hahn disse: "isso aumenta a pressão para encontrar outras soluções", referindo-se à instalação de cercas nas fronteiras - algo que vai contra as regras da UE sobre a liberdade de seus cidadãos de se mover entre países do bloco para viver e trabalhar.