Por Ece Toksabay e Ali Kucukgocmen
ISTAMBUL (Reuters) - Ativistas de direitos humanos, incluindo o diretor local da Anistia Internacional na Turquia, foram a julgamento devido a acusações de terrorismo nesta quarta-feira, em um caso que se tornou um foco de tensões entre Ancara e aliados europeus.
A polícia interditou a principal praça nas proximidades do tribunal em Istambul, mas muitos jornalistas e apoiadores dos réus foram à área.
Um grupo de cerca de 50 integrantes de entidades de direitos humanos, consulados estrangeiros e grupos de direitos das mulheres se postou diante da corte com cartazes dizendo "Libertem os Defensores dos Direitos Humanos".
Os 11 ativistas, entre eles um cidadão alemão e um sueco, podem ser condenados a 15 anos de prisão em resultado das acusações, que incluem filiação e ajuda a uma "organização terrorista armada".
Eles foram detidos em julho depois de participarem de um workshop sobre segurança digital em uma ilha próxima de Istambul. O caso aprofundou os temores de que a Turquia, aliada essencial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que faz fronteira com Iraque, Irã e Síria, esteja se tornando cada vez mais autoritária sob o comando do presidente Tayyip Erdogan.
Erdogan diz que uma operação de repressão desencadeada após o golpe de Estado fracassado do ano passado, que levou 5 mil pessoas à prisão à espera de julgamento, é essencial para manter a estabilidade.
"Isto é ostensivamente um julgamento de defensores dos direitos humanos que participavam de um workshop em uma ilha de Istambul, mas na realidade é o sistema de justiça turco e as autoridades turcas que estão em julgamento", disse John Dalhuisen, diretor da Anistia para a Europa e a Ásia Central, diante do tribunal.
Entre os réus está o diretor da filial turca da Anistia, Idil Eser, o cidadão alemão Peter Frank Steudtner e o cidadão sueco Ali Gharavi.