Por Herbert Villarrga e Tom Balmforth
DNIPRO, Ucrânia/KIEV (Reuters) - A Ucrânia se aproximou nesta terça-feira de obter a frota de tanques de guerra modernos com a qual espera poder mudar o curso da guerra contra a Rússia, depois que a Alemanha disse que este seria o primeiro item da agenda do novo ministro da Defesa.
Na cidade central de Dnipro, mais corpos foram retirados dos escombros de um prédio de apartamentos, elevando o número de mortos para 44 no ataque mais mortal entre civis em uma campanha de bombardeio de mísseis russos de três meses.
Dezenas de pessoas ainda estavam desaparecidas. Autoridades locais disseram que 79 pessoas ficaram feridas e 39 foram resgatadas dos escombros.
Quase 11 meses após a invasão da Rússia, Kiev diz que uma frota de tanques de guerra ocidentais daria às suas forças o poder de fogo móvel necessário para expulsar as tropas russas em batalhas decisivas em 2023.
Os tanques de batalha Leopard de fabricação alemã --elemento fundamental dos exércitos em toda a Europa-- são amplamente vistos como a única escolha plausível para fornecer à Ucrânia a força de tanques de grande escala de que ela precisa. Mas eles não podem ser entregues sem autorização de Berlim, que até agora está paralisada.
Com aliados ocidentais se reunindo em uma base aérea dos EUA na Alemanha na sexta-feira para prometer apoio militar à Ucrânia, Berlim está sob intensa pressão para levantar suas objeções esta semana, no que seria uma das mudanças mais importantes na ajuda ocidental até agora.
A decisão será o primeiro item da agenda de Boris Pistorius, anunciado nesta terça-feira como substituto da secretária de Defesa alemã, Christine Lambrecht, que pediu demissão na segunda-feira.
"Quando a pessoa, quando o ministro da defesa, for declarado, esta é a primeira questão a ser decidida concretamente", disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, à emissora de rádio Deutschlandfunk na terça-feira.
A Alemanha tem sido cautelosa ao aprovar armas que possam ser vistas como uma escalada. Muitos aliados dizem que a preocupação é equivocada, com a Rússia não mostrando nenhum sinal de recuar de seu ataque ao país vizinho.
O Reino Unido quebrou o tabu sobre enviar tanques pesados no fim de semana, prometendo um esquadrão de seus Challengers. Mas tem poucos para formar a base de uma força ucraniana. Os tanques Abrams de Washington também são vistos como inadequados em grande número porque funcionam com motores que queimam muito combustível para serem práticos para a Ucrânia.
Com isso, sobram os Leopards, que a Alemanha produziu aos milhares durante a Guerra Fria e que agora são usados por exércitos em toda a Europa. Polônia e Finlândia já disseram que enviariam Leopards se Berlim der a aprovação.
"Esperamos e estamos tentando organizar um maior apoio à Ucrânia. Esperamos que alguns parceiros, aliados, deem tanques à Ucrânia", disse o presidente polonês Andrzej Duda nesta terça-feira no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Espera-se que o novo ministro da Defesa da Alemanha receba o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na quinta-feira, antes da grande reunião de aliados na sexta-feira na base aérea de Ramstein, onde são esperadas grandes promessas de novo apoio militar à Ucrânia.