PEQUIM/KIEV (Reuters) - O principal diplomata da Ucrânia disse ao ministro das Relações Exteriores da China em conversas na cidade de Guangzhou, no sul, nesta quarta-feira, que Kiev está aberta a conversas com a Rússia se Moscou estiver preparada para negociar de boa fé, algo que ele afirmou não ter visto nenhuma evidência por enquanto.
O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, é a autoridade ucraniana de mais alto escalão a viajar para a China desde a invasão russa em fevereiro de 2022 e conversou com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, por mais de três horas, disse uma fonte ucraniana da delegação.
"Kuleba reafirmou ... que (Kiev) está pronta para envolver o lado russo no processo de negociação em um determinado estágio, quando a Rússia estiver pronta para negociar de boa fé, mas enfatizou que essa prontidão não é observada atualmente no lado russo", afirmou seu ministério em um comunicado.
As tropas russas estão avançando no leste da Ucrânia na invasão que já dura 29 meses, antes das eleições norte-americanas de novembro que podem levar de volta à Casa Branca Donald Trump, que ameaçou cortar os fluxos de ajuda vital para a Ucrânia.
A China, segunda maior economia do mundo, se posiciona como neutra em relação à guerra, mas declarou uma parceria "sem limites" com a Rússia dias antes da invasão de 2022 e recebeu o presidente Vladimir Putin para conversações, mais recentemente em maio.
A China também tem fornecido apoio diplomático à Rússia e ajudado a manter a economia russa em tempo de guerra.
"As conversas acabaram de ser concluídas. Duraram mais de três horas no total, mais do que o planejado. Foi uma conversa muito profunda e concreta", disse uma fonte ucraniana da delegação à Reuters.
Uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse em uma coletiva de imprensa em Pequim que ambos os ministros haviam falado sobre a necessidade de adotar uma visão de longo prazo na construção de laços bilaterais e que a China "continuaria a expandir suas importações de alimentos a partir da Ucrânia".
Mao Ning acrescentou que a China está preocupada com a situação humanitária na Ucrânia.
(Reportagem de Tom Balmforth em Londres, Olena Harmash em Kiev, Joe Cash em Pequim, Yuliia Dysa em Gdansk)