Por Pavel Polityuk
KIEV (Reuters) - As tropas ucranianas, na defensiva por quatro meses, lançarão um contra-ataque "muito em breve", agora que a enorme ofensiva de inverno da Rússia está perdendo força sem tomar a cidade de Bakhmut, disse o principal comandante das forças terrestres da Ucrânia nesta quinta-feira.
As observações do coronel-general Oleksandr Syrskyi foram a indicação mais forte de Kiev de que está perto de mudar de tática, tendo absorvido o ataque violento da Rússia durante um inverno brutal.
Os mercenários do grupo russo Wagner, tentando capturar Bakhmut no que se tornou a batalha mais longa e sangrenta da guerra, "estão perdendo força considerável", declarou Syrskyi no Telegram.
"Muito em breve, aproveitaremos esta oportunidade, como fizemos no passado perto de Kiev, Kharkiv, Balakliya e Kupiansk", disse ele, listando as contraofensivas ucranianas no ano passado que provaram ser pontos decisivos na guerra, recuperando faixas de terra.
Syrskyi foi um dos principais comandantes por trás da estratégia da Ucrânia no ano passado que repeliu o ataque da Rússia a Kiev e recuou as forças de Moscou até o segundo semestre de 2022.
Mas as linhas de frente na Ucrânia estão praticamente paradas desde a última grande ofensiva da Ucrânia em novembro. Desde então, Moscou enviou centenas de milhares de reservistas recém-convocados e condenados recrutados das prisões para batalhas que ambos os lados descrevem como um moedor de carne.
A campanha russa rendeu poucos ganhos, e a Ucrânia, que parecia prestes a se retirar da pequena cidade oriental de Bakhmut, decidiu este mês manter suas tropas lá, negando a Moscou sua primeira vitória desde agosto passado.
Kiev há muito tempo afirma que planeja uma grande contraofensiva em algum momento deste ano, usando armas ocidentais recém-fornecidas. Várias de suas ofensivas de maior sucesso no ano passado aconteceram rapidamente depois que a Rússia esgotou suas forças em grandes batalhas no leste.
Não houve resposta imediata de Moscou às últimas alegações de que suas forças em Bakhmut estavam perdendo força, mas Yevgeny Prigozhin, o chefe de Wagner, emitiu declarações pessimistas nos últimos dias alertando para um contra-ataque ucraniano.
Na segunda-feira, Prigozhin publicou uma carta ao ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, dizendo que a Ucrânia pretendia isolar as forças de Wagner das tropas regulares da Rússia, exigindo que Shoigu agisse para evitar isso e alertando sobre "consequências negativas" se ele falhasse.
Na quarta-feira, o Ministério da Defesa britânico informou que a Ucrânia havia lançado um contra-ataque a oeste de Bakhmut que provavelmente aliviaria a pressão na principal rota usada para abastecer as forças de Kiev dentro da cidade.
Ainda há uma ameaça de que as forças ucranianas em Bakhmut possam ser cercadas, disse, mas há "uma possibilidade realista de que o ataque russo à cidade esteja perdendo o ímpeto limitado que obteve".
(Por Pavel Polityuk)