Por Valentyn Ogirenko
HORLIVKA, Ucrânia (Reuters) - A Ucrânia e rebeldes separatistas pró-Rússia realizaram a maior troca de prisioneiros desde que o conflito eclodiu em 2014, enviando dezenas de prisioneiros para casa e suas famílias nesta quarta-feira, antes do Ano Novo e do Natal ortodoxo.
Mais de 10 mil pessoas foram mortas no conflito e ainda são relatadas mortes quase diariamente, apesar de um cessar-fogo em vigor desde 2015 que congelou os frontes.
“Meu filho telefonou”, disse a mãe do prisioneiro ucraniano Oleksandr Oliynyk ao canal ucraniano de notícias 112.
“Eu não ouvia a voz dele há três anos e meio, só cartas. Ele disse: ‘Mãe, eu já estou aqui.’ Você não consegue imaginar o que significa para uma mãe não ver seu filho por três anos e meio, desde agosto de 2014.”
De acordo com os termos do acordo, Kiev deve entregar 306 prisioneiros aos rebeldes e receber 74 prisioneiros em troca. Um fotógrafo da Reuters no local viu prisioneiros ucranianos sendo colocados em ônibus na cidade de Horlivka e levados para território controlado pelo governo ucraniano.
“Todos os 74 reféns ucranianos já estão em casa, em território controlado pelo nosso exército”, disse o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, nas redes sociais.
De acordo com Poroshenko, entre os prisioneiros entregues à Ucrânia estão um historiador e um “ciborgue” –apelido que ucranianos deram aos soldados que defenderam o aeroporto de Donetsk em uma das batalhas mais intensas do conflito em 2014.
O número exato de prisioneiros trocados é incerto. Viktor Medvedchuk, representante da Ucrânia nas conversas de paz, disse que alguns prisioneiros mantidos pela Ucrânia se recusaram a retornar para áreas tomadas por rebeldes, de acordo com a agência de notícias russa Tass.
Mais prisioneiros são esperados para trocar de mãos em 2018, disse Medvedchuk, segundo a Tass. O serviço de segurança estatal da Ucrânia informou que 103 prisioneiros continuam em mãos separatistas.
Não houve comentário imediato de autoridades em Moscou, que a Ucrânia e seus aliados do Ocidente acusam de apoiar os separatistas pró-Rússia com tropas, dinheiro e armas pesadas, em uma acusação que Moscou nega.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, elogiaram a troca em um comunicado conjunto e pediram para ambos lados libertarem os prisioneiros remanescentes.