Por Jonathan Landay
ZAPORIZHZHIA, Ucrânia (Reuters) - "É engraçado. Ninguém votou, mas os resultados foram divulgados", disse Lyubomir Boyko, de 43 anos, de Golo Pristan, uma vila na província de Kherson ocupada pela Rússia, enquanto esperava nesta quarta-feira do lado de fora de um escritório de ajuda da Organização das Nações Unidas com sua família em um centro de recepção de refugiados.
Enquanto a Rússia se prepara para anexar uma faixa de território ucraniano do tamanho de Portugal depois de realizar o que chama de referendos em quatro províncias, centenas de ucranianos escapam pelo último posto de controle russo. Muitos disseram que fogem enquanto ainda podem.
"Muitas pessoas estão deixando tudo para trás. Há lugares que estão completamente desertos", disse Boyko. "Todo mundo quer estar na Ucrânia, e é por isso que todo mundo está partindo. Lá é um lugar sem lei. Vilas inteiras estão partindo."
Ele, sua esposa e seus dois filhos chegaram ao centro de ajuda no estacionamento de uma loja de artigos para a casa na cidade ucraniana de Zaporizhzhia, depois de esperar dois dias antes que as forças russas os liberassem abruptamente.
Aqueles que fogem do território controlado pela Rússia dizem que o chamado referendo foi realizado por homens armados que forçaram as pessoas a votar nas ruas.
Por enquanto, as forças russas estão deixando algumas pessoas saírem de partes ocupadas das províncias de Kherson e Zaporizhzhia através de um posto de controle. Ninguém sabe por quanto tempo a rota ficará aberta.
O maior medo é que homens em idade de combate sejam inseridos às forças russas assim que Moscou declarar o território como seu. Boyko disse que não sabe se os homens em idade de recrutamento ainda podem sair.
"Os soldados russos nos perguntaram: "Por que você está fugindo da Rússia?", disse Tatiyana Gorobets, uma enfermeira de 46 anos de Velyka Lepytykha, na província de Kherson, que respondeu que ela e seu marido visitariam seus dois filhos que enviaram para segurança em Lviv há dois meses. "Você não pode dizer mais nada."
O casal juntou suas roupas, abandonou sua casa e partiu de sua cidade na manhã de domingo. As tropas russas inicialmente os impediram de cruzar, mas os deixaram sair depois de três noites, disseram eles.
A Rússia diz que a votação foi voluntária e a participação foi alta. Autoridades pró-Rússia publicaram o que descrevem como resultados mostrando apoio esmagador à anexação. Kiev e países ocidentais chamam a ação de uma farsa completa, destinada a justificar a anexação do território tomado à força.
(Reportagem de Jonathan Landay)