Por Gabriela Baczynska e Alastair Macdonald
BRUXELAS (Reuters) - O Reino Unido concordou com um acordo potencialmente intragável para evitar uma "fronteira dura" com a Irlanda do Norte nesta segunda-feira, com o objetivo de conseguir a aprovação da União Europeia para manter a maior parte dos benefícios do bloco por quase dois anos após o Brexit.
Após um final de semana de intensas conversas sob a sombra de temores da Irlanda de que Londres vetasse um acordo de "barreira" que a primeira-ministra britânica, Theresa May, havia rejeitado, os dois lados emitiram um novo esboço de tratado de 129 páginas, cheias de marcações verdes indicando acordos finais em grandes áreas do texto legal.
O negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, disse, durante coletiva de imprensa com o secretário britânico para o Brexit, David Davis, que nada disso é legalmente vinculante até que um tratado inteiro seja ratificado antes do Brexit daqui a um ano.
Entretanto, ele descreveu os acordos como um momento "decisivo" para esforços para evitar a saída do Reino Unido do bloco sem um tratado.
"Um passo decisivo continua sendo um passo; nós não estamos no final do caminho e ainda há muito trabalho a ser feito, inclusive sobre a Irlanda e a Irlanda do Norte", advertiu.
May tem descrito como inaceitável qualquer possível acordo que separe a Irlanda do Norte do resto do Reino Unido, ao deixar a província de governo britânico sujeita a regras da União Europeia após o Brexit.
Qualquer acordo do tipo, mesmo apenas um recuo caso nenhuma outra solução seja encontrada, provavelmente será intragável para Londres e para pró-unionistas britânicos na província.
Davis disse que o acordo de transição e um acordo sobre os direitos de cidadãos expatriados darão considerável segurança a indivíduos e companhias afetadas pelo Brexit no dia 29 de março de 2019.
O principal objetivo de May tem sido garantir o acordo político que, agora, essencialmente tornará o Reino Unido um membro da União Europeia sem direito a voto até o fim de 2020, para tranquilizar preocupações comerciais.
Agora, esse acordo provavelmente será apoiado pelos líderes dos outros 27 Estados membros do bloco em cúpula na sexta-feira, um dia depois de encontrarem com a própria May em Bruxelas.
(Reportagem adicional de Elizabeth Piper em Londres, Phillip Blenkinsop, Samantha Koester e Alissa de Carbonnel em Bruxelas e Jan Strupczewski)