Por Andrew Gray e John Irish
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia concordou nesta segunda-feira em, a princípio, ressuscitar missão civil europeia em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza perto do Egito, mas ponderou que isso exige acordos de todas as partes para progredir, disse o líder de política externa do bloco, Josep Borrell.
Em uma reunião mensal com ministros das Relações Exteriores da UE, Borrell também acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de usar falsas acusações de antissemitismo contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) para os seus próprios fins políticos.
O bloco considera ressuscitar a Missão de Assistência de Fronteira da União Europeia (Eubam, na sigla em inglês) em Rafah, fora de operação desde 2007, quando o grupo militante islâmico palestino Hamas assumiu o controle de Gaza.
A passagem de Rafah é o principal ponto de entrada de auxílio humanitário do Egito e está fechada desde que as forças israelenses a tomaram, do lado de Gaza, quase três semanas atrás.
"Eles me deram aprovação, aprovação política, para reativar a Eubam, nossa missão em Rafah. Isso pode ter um papel útil no apoio à entrada e saída de pessoas em Gaza", disse Borrell a jornalistas após a reunião, que também contou com a participação de importantes ministros árabes.
"Mas isso precisa ser feito em acordo com a Autoridade Palestina, os egípcios e, obviamente, Israel, as autoridades de Israel. Não vamos fazer isso sozinhos. Não seremos a fonte terceirizada de segurança na fronteira. Não somos uma empresa de segurança", disse, acrescentando que o bloco, por enquanto, prepararia planos técnicos.
Diplomatas consideram improvável que a missão seja acionada antes do fim das hostilidades em Rafah.
Ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 45 palestinos em um acampamento e feriram dezenas em Rafah no último domingo, provocando um clamor de líderes globais. Borrell acusou Israel de avançar com ações militares no sul de Gaza, apesar de uma decisão da Corte Internacional de Justiça.
CRÍTICA A NETANYAHU
Dois tribunais internacionais, ambos sediados em Haia, chegaram a decisões às quais Israel se opôs nas últimas semanas.
O promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) disse que solicitou a prisão de Netanyahu, do ministro de Defesa de Israel e de líderes do Hamas por supostos crimes de guerra, e a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que ouve disputas entre Estados, ordenou que Israel interrompa sua ofensiva em Rafah.
Israel disse que o TPI é um tribunal desonesto e pediu que seus aliados o rejeitassem. Também afirmou que a ofensiva em Rafah não precisa ser paralisada, de acordo com a decisão da ICJ, porque não representa uma ameaça ilegal à população civil.
Borrell criticou Netanyahu por rotular a decisão do principal promotor do TPI, Karim Khan, como evidência de um "novo antissemitismo".
Borrell descreveu o comentário como uma intimidação, dizendo que acusações de antissemitismo são feitas sempre que alguém "faz alguma coisa que Netanyahu não gosta".
(Reportagem adicional de Tassilo Hummel e Bart Meijer, Dan Williams em Jerusalém)