Por Andrei Makhovsky e Adrian Croft e Alastair Macdonald
MINSK/BRUXELAS (Reuters) - O fato de o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, estar sendo o anfitrião das negociações de paz sobre a Ucrânia pode vir a ter uma consequência paralela - o abrandamento das relações entre a União Europeia e um homem que o Ocidente classifica como o "último ditador da Europa".
Uma reunião em Minsk nesta sexta-feira entre ele e o chanceler da vizinha Letônia, Edgar Rinkevics, que viaja em caráter de presidente do conselho ministerial da UE, marcou mais um passo em direção ao que diplomatas dizem ser um processo em aceleração, que pode levar a um alívio das sanções contra Lukashenko e até mesmo a um convite para uma reunião de cúpula marcada para maio.
"Gostaríamos de fazer de tudo que podemos para dar um novo impulso às relações com Belarus", disse Rinkevics a seu anfitrião.
Lukashenko disse ao ministro, que preside as reuniões da UE até junho: "Se a Letônia nos ajudar a nos aproximarmos ainda mais da UE durante sua presidência, não seremos os únicos a ficarem muito gratos."
Diferentemente da Ucrânia e de outras ex-repúblicas soviéticas atraídas pelo livre comércio com a Europa, Lukashenko conservou uma ampla aliança com a Rússia, aderindo à União Euroasiática do presidente Vladimir Putin mas também criticando as ações de Moscou na Ucrânia.
Mas diplomatas da UE disseram à Reuters que discussões estão em curso sobre como melhorar as relações. Um documento interno detalhando possíveis medidas de aproximação foi aprovado por membros da UE no mês passado. Eles disseram que Lukashenko vai precisar promover reformas.
No entanto, Bruxelas não está com pressa em repetir o mesmo tipo de acolhimento que dispensou à Ucrânia e que acabou culminando com a queda do presidente ucraniano e a anexação da Crimeia pela Rússia.
Ainda assim, os esforços de Lukashenko em ajudar na resolução do conflito no leste ucraniano - incluindo sediar negociações de paz envolvendo o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel – aumentaram as possibilidade de uma distensão das relações.
"Há sinais crescentes de que Belarus está se abrindo para a Europa. Lukashenko tem sido muito prestativo durante as negociações em Minsk", disse uma fonte da UE. "Estados membros estão discutindo se a UE deve descongelar as relações com Belarus."
Lukashenko, de 60 anos, deixou a entender que gostaria de comparecer à reunião de cúpula entre os países da UE e outras seis ex-repúblicas soviéticas, planejada ocorrer em Riga em maio, disseram fontes da UE. Para isso, ele precisaria de um alívio da proibição de viagem imposta pela UE e que foi renovada há apenas três meses.
(Reportagem adicional de Francesco Guarascio, em Bruxelas)