Por Marine Strauss e Juliette Jabkhiro
VERSAILLES, França/BRUXELAS (Reuters) - Líderes da União Europeia vão discutir nesta quinta-feira o fim da dependência do bloco em relação à energia russa diante da guerra de Moscou na Ucrânia, mas as divisões internas e o medo de provocar o presidente russo, Vladimir Putin, significam que eles não convidarão Kiev para se juntar ao bloco.
Reunidos no Palácio de Versalhes, na França, os 27 líderes nacionais da UE também buscarão fortalecer suas defesas e economias. Mas eles devem decepcionar o apelo dramático da Ucrânia por uma adesão rápida à UE enquanto luta contra a invasão russa.
"Vai levar tempo", disse o ministro francês de Assuntos Europeus, Clement Beaune, à rádio France Inter, acrescentando que a adesão da Ucrânia à UE "não é para amanhã".
A invasão militar russa em 24 de fevereiro abalou a ordem de segurança da Europa que emergiu das cinzas da Segunda Guerra Mundial e do colapso da União Soviética em 1991.
O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, disse que a Europa está enfrentando seu momento de 11 de Setembro, uma referência aos ataques da Al Qaeda de 2001 aos Estados Unidos que desencadearam uma invasão do Afeganistão liderada por Washington e anos de uma chamada "guerra ao terror" internacional.
"Não estamos participando, mas está à nossa porta", afirmou de Croo ao jornal Le Soir, referindo-se ao ataque da Rússia à Ucrânia. "O 11 de Setembro foi um momento decisivo nos Estados Unidos. Esta guerra na Ucrânia é o 11 de Setembro da Europa."
A UE impôs sanções sem precedentes à Rússia por invadir sua vizinha, incluindo o corte de sete bancos russos do sistema de transações SWIFT, visando Belarus, aliada de Moscou, e colocando na lista negra autoridades estatais russas e oligarcas bilionários próximos ao Kremlin.
"A guerra de agressão da Rússia constitui uma mudança tectônica na história europeia", devem afirmar líderes da UE em um comunicado conjunto, acrescentando que a invasão gerou "crescente instabilidade, competição estratégica e ameaças à segurança".
A UE ainda paga centenas de milhões de dólares todos os dias à Rússia, seu maior fornecedor de energia, por mais de 40% de seu gás natural, mais de um quarto das importações de petróleo e quase metade de seu carvão.
Embora os Estados Unidos já tenham vetado as importações de petróleo russo, o caso da UE é mais complicado, caro e politicamente sensível, pois há receios novos grandes saltos nos preços de energia e dos alimentos.
As nações da UE estão também divididas em deixar a Ucrânia se juntar ao bloco, com a França e a Holanda liderando o campo relutante contra um grupo de fortes apoiadores, incluindo a Polônia e outros vizinhos do leste da UE.