Por Anne Kauranen e Essi Lehto
HELSINQUE (Reuters) - A União Europeia ajudará a Finlândia a proteger sua fronteira oriental da tentativa da vizinha Rússia de "instrumentalizar os imigrantes" para desestabilizá-la, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira.
No ano passado, a Finlândia fechou todos os pontos de passagem de passageiros em sua longa fronteira com a Rússia em meio a um fluxo de solicitantes de asilo de países como Síria e Somália, e acusou Moscou de instrumentalizar a imigração, uma afirmação que o Kremlin nega.
O fechamento da fronteira pôs fim ao fluxo de imigrantes, mas a Finlândia está construindo uma cerca em partes da fronteira e intensificou as patrulhas, temendo que o fenômeno possa recomeçar a qualquer momento.
Em uma visita à área de fronteira entre a Finlândia e a Rússia, von der Leyen lembrou que um "ataque híbrido" semelhante foi lançado por Belarus em novembro de 2021 contra Letônia, Polônia e Lituânia.
"Todos nós sabemos como Putin e seus aliados instrumentalizam os imigrantes para testar nossas defesas e tentar nos desestabilizar. Agora, Putin está se concentrando na Finlândia", disse ela aos repórteres.
"Sem dúvida, isso é uma resposta ao seu firme apoio à Ucrânia e à sua adesão à Otan", acrescentou.
O governo da Finlândia está planejando introduzir uma legislação de emergência para permitir que seus guardas de fronteira bloqueiem os imigrantes e os enviem de volta à Rússia sem receber seus pedidos de asilo, caso a Rússia permita que eles comecem a atravessar as vastas florestas que cobrem a fronteira de 1.340 km de extensão.
"Estamos preparando nossa própria legislação, mas também precisamos de medidas da UE", disse o primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo.
Von der Leyen prometeu que a UE apoiará a Finlândia com 230 milhões de euros e ajuda operacional da agência de fronteiras Frontex do bloco para combater o problema, enviando guardas de fronteira e equipamentos de vigilância para a Finlândia.
Ela disse que a Comissão também estava trabalhando com os países de origem dos imigrantes.
"O que vemos é que um Estado está instrumentalizando pessoas pobres para pressionar outro Estado, o que é uma clara questão de segurança", afirmou.
(Reportagem de Essi Lehto, Anna Ringstrom, Inti Landauro e Anne Kauranen)