RIO DE JANEIRO (Reuters) - A BR Properties (SA:BRPR3) espera taxa de vacância em 2016 em linha com o ano anterior, e um crescimento nominal da receita entre 3 e 4 por cento, depois de ter visto seu prejuízo quadruplicar no quarto trimestre, na comparação com o mesmo período de 2014.
A companhia teve prejuízo líquido de 357,1 milhões de reais entre outubro e dezembro, ante resultado negativo de 85,9 milhões de reais um ano antes, informou nesta terça-feira e empresa de investimentos em imóveis comerciais.
No ano, a empresa teve prejuízo de 769,6 milhões de reais, ante lucro de 264,4 milhões de reais em 2014.
"O resultado negativo do quarto trimestre e do ano advém praticamente integralmente de efeitos não caixa, com a marcação a mercado dos ativos e desvalorização cambial sobre bônus perpétuo. Não tem a ver com o resultado operacional", disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da BR Properties, André Berenguer.
No trimestre, a receita líquida caiu 11 por cento, a 168,1 milhões de reais, por causa da venda de propriedades, disse o executivo. Segundo ele, considerando as mesmas propriedades, a receita líquida teria crescido 4 por cento.
As despesas gerais e administrativas saltaram 55 por cento, a 50,7 milhões de reais.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 19 por cento, a 135,2 milhões de reais.
Berenguer disse que a empresa projeta, em 2016, um cenário "muito parecido com 2015". "A gente trabalha com um crescimento da receita, de três, quatro por cento, nominal, o que representa uma perda real, mas que a gente entende que faz parte do ciclo do negócio como um todo", afirmou.
Para a vacância, a expectativa é que não mude em relação ao ano passado, quando encerrou o trimestre e o ano em 14,3 por cento, considerando a vacância física, e 10,4 por cento, no caso da financeira.
"Apesar das dificuldades que a gente vem enfrentando no mercado, a gente entende que nosso portfólio de ativos tem qualidade de localização, tem uma base de inquilinos muito boa que nos permite manejar a vacância em bases ainda menores do que o mercado", afirmou.
No caso de São Paulo, o executivo espera uma recuperação dos preços de aluguéis na região da Avenida Faria Lima a partir de 2017 ou 2018, o que deve acontecer depois nas regiões sul e oeste da cidade. No Rio de Janeiro, onde o segmento corporativo depende dos mercados de óleo e gás e mineração, esta recuperação deve ocorrer mais tarde do que na Faria Lima.
No ano passado, a BR Properties concluiu a venda de nove ativos para a Blackstone, totalizando 971,6 milhões de reais e cinco ativos para a Brookfield (SA:BISA3), a um valor bruto de 2,08 bilhões de reais, reforçando o caixa que encerrou 2015 a 1,2 bilhão de reais.
A empresa também informou que recomprou a mercado 100 milhões de dólares do seu Bônus Perpétuo em janeiro, com deságio de cerca de 15 por cento.
"A companhia tenciona reduzir ainda mais as despesas com juros visando aumentar a lucratividade em 2016 e nos anos seguintes", disse a BR Properties em nota.
Na segunda-feira, a BR Properties informou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) manteve a decisão, a pedido de subsidiária da GP Investments, de prorrogar para 28 de março o prazo de publicação de edital de oferta pública de ações (OPA) para adquirir o controle da companhia ou faça anúncio ao mercado de que não pretende realizar a oferta em seis meses.
O executivo disse que as tratativas sobre a OPA são mantidas pelo Conselho de Administração da BR Properties e não deu mais informações sobre a operação.
(Por Juliana Schincariol)