Por Michael Georgy
BAGDÁ (Reuters) - O Estado Islâmico, cisão da Al Qaeda que tomou o controle de grandes partes do Iraque no mês passado quase sem oposição, divulgou um vídeo alertando soldados iraquianos que ainda tenham vontade de lutar que eles correm o risco de serem executados em massa.
O Exército iraquiano baixou a guarda quando insurgentes sunitas realizaram um rápido avanço sobre cidades no norte do país, adicionando essas regiões a territórios que seus camaradas haviam tomado antes no oeste do Iraque, um grande exportador de petróleo.
Milhares de soldados fugiram, levando o mais alto clérigo do Iraque a convocar compatriotas às armas contra a facção radical que declarou um califado ao estilo medieval em partes do Iraque e da Síria e busca marchar para a capital Bagdá.
O vídeo de 30 minutos, circulado durante o feriado que marca o fim das celebrações do fim do mês de Ramadã, dá indicações sobre quais táticas o Estado Islâmico deve empregar em sua campanha.
Após tomar uma cidade em um avanço rápido, os militantes são filmados pisando em dezenas de soldados aterrorizados e algemados.
Um combatente tira sarro de um soldado por utilizar roupas civis sobre seu uniforme, por medo de ser identificado e morto. Ele pede por misericórdia, em vão.
Então, dezenas de soldados são levados para uma vala no deserto e executados um a um com tiros da cabeça de fuzis AK-47.
Não satisfeitos que todos estão mortos, um combatente faz uma última ronda, abrindo fogo novamente, um a um.
Outros soldados são levados para a barranca de um rio. Cada um então leva um tiro na cabeça de pistola e então é empurrado para a água, com seu executor pisando em uma poça de sangue.
Os vídeos mostram sequências de visão noturna e também combatentes entrando em uma cidade em caminhões e veículos militares fabricados nos Estados Unidos, capturados durante o avanço do mês passado.
Os comboios do Estado Islâmico incluem pequenos tanques e metralhadoras de calibres pesados.
O vídeo ilustra o pensamento do Estado Islâmico, que busca redesenhar o mapa do Oriente Médio, após aparentemente ter parado sua ofensiva por territórios para consolidar os ganhos recentes ao norte da cidade de Samarra.
O levante repentino do grupo aumentou as tensões sectárias entre sunitas e xiitas no Iraque, acirrando os medos de que o país cairá sobre os sombrios dias de guerra civil vistos em 2006-2007.