CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano espera melhorar as relações com a China, após décadas de tensão, disse um diplomata da Igreja Católica Romana, no sábado, acrescentando que relações mais próximas beneficiam o mundo inteiro.
Pequim rompeu as relações com o Vaticano em 1951, pouco depois de o Partido Comunista assumir o poder e lançar uma operação contra a religião organizada, com os novos governantes da China criando sua própria igreja e nomeando de bispos sem o aval do papa.
Depois de décadas de desconfiança, o Papa Francisco está intensificando os esforços para melhorar as relações, e seu secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, soou otimista sobre as chances de sucesso.
"Há muita esperança e expectativa de que haverá novos desenvolvimentos e uma nova temporada nas relações entre a Santa Sé e a China", disse ele em um discurso na cidade italiana de Pordenone, que foi divulgado para os repórteres no Vaticano.
"(Isso) vai beneficiar não apenas os católicos na terra de Confúcio, mas todo o país, que possui uma das maiores civilizações do planeta", ele disse.
"Atrevo-me a dizer que também seria bom para uma convivência ordenada, pacífica e fecunda dos povos de todas as nações em um mundo como o nosso, que é dilacerado por tantas tensões e tantos conflitos."
Para o Vaticano, uma aproximação com a China iria oferecer a perspectiva de aliviar a difícil situação dos cristãos na região, que têm sido muitas vezes perseguidos pelas autoridades.
Para a China, boas relações poderiam polir sua imagem internacional e suavizar a crítica ao seu histórico em relação aos direitos humanos.
O Vaticano é o único estado ocidental que não tem relações diplomáticas com Pequim, mantendo relações formais apenas com a República da China, Taiwan, que Pequim vê como uma província renegada.
Parolin deixou claro que o Vaticano queria laços formais. "As novas e esperadas boas relações com a China, incluindo relações diplomáticas, se Deus quiser, não são um fim em si mesmas", disse ele, reiterando que seria bom para a paz mundial.
Uma investigação da Reuters este ano sugeriu que o Vaticano e a China estavam trabalhando em um acordo que fica aquém das relações diplomáticas plenas, mas que iria abordar questões fundamentais das divergências entre os dois lados.
"É preciso ser realista e aceitar que há uma série de problemas que devem ser resolvidos entre a Santa Sé e China e que, muitas vezes, devido à sua complexidade, eles podem gerar diferentes pontos de vista", disse Parolin.
(Reportagem de Crispian Balmer)