ROMA (Reuters) - A polícia italiana prendeu nesta sexta-feira 18 pessoas suspeitas de pertencerem a um grupo armado ligado à Al Qaeda que planejava ataques contra o Vaticano, assim como no Paquistão e no Afeganistão.
Alguns dos suspeitos, todos paquistaneses e afegãos, foram detidos em operações logo cedo em toda a Itália. A polícia invadiu a casa do suposto líder espiritual do grupo na cidade de Bérgamo, no norte do país, como mostrou um vídeo divulgado pela corporação.
Embora os suspeitos estivessem tramando complôs sobretudo em seus países de origem, escutas telefônicas indicam que o Vaticano também era um alvo, disse Mauro Mura, promotor-chefe da cidade de Cagliari, onde o grupo tinha sua sede.
Nas conversas gravadas, os suspeitos discutem "uma grande jihad na Itália", acrescentou Mario Carta, chefe da unidade de polícia no caso. Eles utilizam a palavra "baba", que pode significa papa, afirmou Carta.
"Não temos provas, temos uma forte suspeita" de que a Santa Sé era um possível alvo, acrescentou.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, declarou que os atentados hipotéticos são coisa do passado, e que as novas revelações não são motivo de preocupação.
A Itália, como outros países europeus, está em alerta para possíveis tramas terroristas na esteira do ataque de janeiro contra o semanário satírico francês Charlie Hebdo.
As capitais europeias estão particularmente alarmadas com possíveis militantes "em hibernação", aqueles que aparentam viver vidas normais em seus países e que em algum momento futuro podem ser acionados para realizar ataques em casa ou no exterior.
As autoridades italianas também temem que grupos terroristas possam estar se escondendo entre os milhares de migrantes que chegam desesperados às praias do continente todas as semanas.
Enfatizando a investigação em uma coletiva de imprensa, Mura disse que o grupo tinha uma grande quantidade de armas e numerosos seguidores dispostos a realizar atos de terrorismo.
As escutas telefônicas da polícia determinaram que duas pessoas entre as 18 para as quais se emitiram mandados de prisão eram suspeitas de serem parte de um grupo que protegeu o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, morto por forças especiais dos Estados Unidos em uma casa em Abbottabad, no Paquistão, em 2011, disse a polícia em um comunicado.
O grupo apoiava a "luta armada contra o Ocidente", e queria incitar uma revolta popular contra o governo paquistanês para que este pare de apoiar as forças dos EUA no Afeganistão.
O dinheiro era enviado ao Paquistão por membros do grupo que conseguiam evitar os controles italianos sobre operações monetárias. Em um caso, 55.268 euros foram levados ao Paquistão em um voo de Roma para Islamabad.
O imã preso em Bérgamo é suspeito de ter sido um contato para a arrecadação de fundos, supostamente para fins religiosos, de paquistaneses e afegãos vivendo na Itália, informou a polícia.
Acredita-se que alguns dos investigados estiveram envolvidos em atentados já ocorridos no Paquistão. O grupo providenciava a entrada de paquistaneses e afegãos em solo italiano com contratos de trabalho ou como refugiados em busca de asilo e mais tarde enviava alguns para cidades no norte da Europa, segundo a polícia.
(Por Philip Pullella e Alessandra Galloni; Reportagem adicional de Gavin Jones)