Por Alexandra Ulmer e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - A Venezuela criticou nesta sexta-feira comentários dos Estados Unidos segundo os quais seus próprios militares poderiam depor o presidente Nicolás Maduro, e disse que a turnê latino-americana do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, visa uma "intervenção" regional contra o governo socialista.
Acusando Washington de tentar minar a democracia na América Latina e voltar aos dias de "imperialismo", o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, repreendeu Tillerson durante uma transmissão na televisão estatal.
"Todo dia ele se distancia mais da diplomacia para entrar na retórica de guerra. Você não tem autoridade moral", disse Padrino, flanqueado por figuras de alto escalão das Forças Armadas que juraram lealdade a Maduro.
"Este homem... tentará persuadir governos da América Latina a intervir na Venezuela. Isso é um golpe publicitário", acrescentou, culpando as sanções do presidente dos EUA, Donald Trump, pela penúria econômica em seu país.
Na quinta-feira Tillerson abordou a possibilidade de um golpe militar venezuelano antes de uma viagem à América Latina de cinco dias, sem passar pelo Brasil.
Ao debater sobre a Venezuela, o secretário dos EUA disse que os militares da região muitas vezes "se ocuparam" de transições de governos ruins, mas insistiu não estar postulando uma "mudança de regime".
"Se a cozinha ficar um pouco quente demais para ele, tenho certeza de que ele tem alguns amigos em Cuba que poderiam lhe dar uma bela mansão na praia, e ele poderia ter uma bela vida por lá", disse Tillerson em referência a Maduro, de 55 anos, que tem uma relação próxima com o governo comunista cubano.