Por Karen Lema
FILIPINAS (Reuters) - A vice-presidente das Filipinas, Leni Robredo, disse nesta segunda-feira que está determinada a liderar uma campanha contra a sangrenta guerra às drogas do presidente do país, Rodrigo Duterte, e afirmou não acreditar nas afirmações dele de que não existe um complô para derrubá-la.
A polícia diz que pouco mais de 2.000 pessoas já morreram em operações contra as drogas desde que Duterte assumiu em julho, e outras 3.600 mortes estão "sob investigação". Críticos dizem que muitas das mortes foram execuções extrajudiciais.
"Existem muitos de nós contra as políticas do presidente. Espero conseguir desempenhar o papel de unificar todas as vozes discordantes", disse Leni à Reuters em uma entrevista realizada em seu escritório em Cidade Quezon, em Manila.
Leni foi eleita como vice em maio em uma disputa separada, e não era colega de chapa de Duterte. Ela renunciou à secretaria de Habitação em 5 de dezembro, citando uma trama para retirá-la da vice-presidência depois de ser impedida de comparecer a reuniões de gabinete rotineiras.
Congressista de um mandato antes de ser eleita ao segundo posto da nação, Leni alertou que a guerra às drogas de Duterte está tendo um "efeito arrepiante" na população, e que seu apoio explícito a policiais supostamente envolvidos no tráfico de drogas torna a situação "assustadora".
"Para onde vão essas pobres vítimas? Estamos dando uma área muito limitada para poderem apresentar suas queixas. Existe um sentimento de desamparo e existe a sensação cada vez maior de uma crença de que o governo está por trás de tudo isso", disse.
Duterte nega que a polícia esteja realizando execuções extrajudiciais. Ele vem repetindo aos agentes que "matem" supostos traficantes de drogas se estes resistirem à prisão ou se sentirem que suas vidas estão em perigo.
"O Estado de Direito não é mais uma garantia de que nossos direitos serão protegidos", afirmou a vice.
O presidente minimizou as declarações de Leni, e na semana passada assegurou à vice que ela irá concluir seu mandato de seis anos.
"Você sabe que todos os sinais são discordantes a esta altura, porque não sabemos em quem acreditar. Até as declarações do presidente confundem", disse Leni.