Por James Oliphant
ORLANDO (Reuters) - Bob Cortes, um deputado republicano da Flórida, teme estar perdendo o voto dos hispânicos que ajudaram a elegê-lo. Os culpados: pré-candidatos presidenciais republicanos como Donald Trump que têm vociferado contra a imigração.
A visita iminente do papa mais progressista em temas sociais em gerações ameaça aliená-los ainda mais, aumentando a divisão entre o partido de Cortes e os eleitores hispânicos que a legenda precisa reconquistar para voltar à Casa Branca.
Mais da metade dos latinos dos Estados Unidos é católica, e por sua vez representam 40 por cento dos 51 milhões de católicos do país, o que os torna um público vital para o papa Francisco durante sua primeira visita norte-americana, que começa na semana que vem.
Francisco deve abordar a imigração, o tema mais caro aos hispânicos. O pontífice já disse que os migrantes e refugiados não deveriam ser tratados como "peões no xadrez da humanidade".
Enquanto isso, o favorito Trump pintou os imigrantes ilegais mexicanos como criminosos violentos, prometeu construir um muro na fronteira entre os dois países e criticou os que falam espanhol.
Vários outros pré-candidatos republicanos, como o governador de Nova Jersey, Chris Christie, e o de Wisconsin, Scott Walker, vêm adotando uma postura mais hostil aos imigrantes na tentativa de se destacarem entre os 17 postulantes à chapa republicana.
"Espero que o papa, sendo de um país latino-americano, esclareça de algum modo que todos aqui que falam espanhol não estão aqui ilegalmente", disse Cortes, que foi criado em Porto Rico.
Para Cortes e outros republicanos latinos, quanto mais Trump fala, mais o partido vê uma bela oportunidade política escorrer por entre os dedos.
A cada mês, milhares de pessoas fogem da crise econômica portorriquenha e se estabelecem no centro da Flórida, cada um deles um eleitor em potencial na eleição presidencial do ano que vem.
Pesquisas mostram que o argentino Francisco, o primeiro papa latino-americano, é extremamente popular entre os hispânicos dos EUA independentemente de sua inclinação política, o que indica que os políticos com uma mensagem muito distante da sua correm riscos.