Por Samia Nakhoul
TEERÃ (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse ter confiança de que os eleitores de seu país irão eleger um Parlamento preparado para fazer frente aos Estados Unidos na eleição de sexta-feira e provarão que a suspensão das sanções à República Islâmica não mudou sua postura anti-Ocidente.
Os iranianos vão escolher seus representantes na legislatura de 290 cadeiras e no órgão de 88 membros responsável por nomear o sucessor de Khamenei, na primeira votação nacional desde a assinatura do acordo nuclear com potências mundiais no ano passado.
Os centristas próximos do presidente iraniano, Hassan Rouhani, disputam as vagas com os radicais apoiados pelo establishment conservador, que foi alvo de críticas do presidente por ter impedido muitos de seus aliados de concorrerem.
"A nação irá votar por um Parlamento que coloca a dignidade e a independência do Irã em primeiro lugar, e que enfrenta as potências estrangeiras cuja influência sobre o Irã foi anulada", disse Khamenei, segundo seu site oficial, nesta quarta-feira.
Khamenei voltou a afirmar que está certo de que, após o acordo nuclear, os EUA tramaram para se "infiltrar" no país persa.
Em julho passado, o governo de Rouhani firmou um acordo com o chamado P5+1 (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) para limitar as atividades nucleares iranianas em troca de um abrandamento das sanções econômicas.
A abertura em potencial para o Ocidente alarmou a linha-dura do país, que prendeu dezenas de artistas, jornalistas e empresários, incluindo iranianos com dupla cidadania norte-americana ou britânica, como parte da repressão à "infiltração ocidental".
(Reportagem adicional de Bozorgmehr Sharafedin e Sam Wilkin)