O mercado futuro de açúcar em NY completou sua 42ª sessão preso no intervalo de 12 a 13 centavos de dólar por libra-peso. O dólar mais forte em relação ao real tem incentivado as usinas a fixarem seus açúcares de exportação bem além da curva de preços que representa a atual safra do Centro-Sul (de maio/2019 até março/2020). E, como vimos recentemente, algumas usinas também rolaram um bom volume originalmente destinado a fixação contra o vencimento maio/2019 para o contrato seguinte (julho/2019) pagando uma rolagem com custo próximo aos 5% ao ano (muito baixo) e ganhando mais tempo para fixar o açúcar.
Na semana que passou, o açúcar em NY caiu 48 pontos, ou mais de 10 dólares por tonelada, um desempenho fraquíssimo para quem aposta na recuperação do mercado. O etanol, depois de subir 15% na segunda semana de abril e mais 5% na semana seguinte, nessa última despencou em função da enorme pressão de venda e muitas usinas querendo aproveitar os elevados preços que chegaram a bater 200-250 pontos acima de NY equivalente.
O que surpreende os traders é o enfraquecimento do spread maio/julho em NY que vai completamente contra o que se espera de um mercado que deve ter uma disponibilidade mais curta de açúcar do Brasil e, no etanol, mostra um crescente e vigoroso consumo para este ano. Além disso, petróleo está em alta (apesar dos tweeters do Trump) o que faz com que a gasolina no Brasil também tenha espaço para subir.
Segundo alguns traders do mercado físico, o enfraquecimento do spread pode estar simplesmente refletindo a desistência de algum grande recebedor de açúcar por ocasião do vencimento do contrato de maio que ocorre na semana que vem. Ora, mas se o mercado está curto por que o recebedor desistiria de receber o açúcar? O açúcar seria de outra origem e dificultaria a logística do recebedor (que imaginara receber açúcar do Brasil). Com essa tese, o recebedor se desfaz de sua posição comprada no maio revendendo-a no mercado e recomprando o julho, esse movimento faz com que o spread se alargue.
Os fundos continuam vendidos, agora com pouco mais de 58,000 contratos. Sem nenhuma surpresa. O açúcar cristal no mercado interno também se mantem nos níveis de R$ 68-70 por saca. Se quisermos ver NY quebrar os 13 centavos de dólar por libra-peso, o açúcar no mercado interno terá que subir antes e o prêmio de exportação também. O mercado está à espera de alguma ruptura.