- O setor de stablecoins entra em uma fase de crescimento acelerado, impulsionado pela maior adoção, avanço regulatório e integração com o mercado institucional.
- Diversas companhias de capital aberto já se movimentam de forma estratégica nesse ecossistema, posicionando-se para capturar valor em meio à transformação dos ativos digitais.
- Neste contexto, destacamos cinco ações ligadas ao universo das stablecoins que merecem atenção à medida que o mercado ganha tração.
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O mercado global de stablecoins, um dos pilares da crescente infraestrutura cripto, alcançou quase US$ 260 bilhões em 2025, refletindo uma adoção acelerada desses ativos digitais atrelados a moedas fiduciárias como o dólar. Sua popularidade se deve à baixa volatilidade, eficiência em pagamentos internacionais e potencial para transformar o sistema financeiro tradicional.
Avanços regulatórios recentes, como a aprovação do GENIUS Act pelo Senado dos EUA, contribuíram para consolidar o setor, abrindo espaço para uma adoção institucional mais ampla.
A seguir, destacamos cinco companhias listadas em bolsa que estão bem posicionadas para capturar valor nesse novo ciclo de crescimento das stablecoins, cada uma com um papel estratégico nessa transformação financeira.
1. Coinbase
- Função: Infraestrutura de câmbio + emissora do USDC
A Coinbase Global (BVMF:C2OI34) (NASDAQ:COIN), uma das principais corretoras de criptoativos do mundo, ocupa posição central no ecossistema de stablecoins. A empresa é coemissora do USD Coin (USDC), a segunda maior stablecoin em circulação, com capitalização de mercado de US$ 61 bilhões, em parceria com a Circle. A nova blockchain Base, voltada para liquidações com stablecoins, fortalece ainda mais a atuação da empresa como infraestrutura regulada para esse tipo de transação.
A aprovação do GENIUS Act trouxe um impulso adicional às ações da Coinbase, ao oferecer clareza regulatória e reforçar a confiança dos investidores. O papel da COIN tem se valorizado desde então, refletindo a expectativa de aumento das receitas relacionadas às stablecoins.
Fonte: InvestingPro
Como uma das plataformas mais confiáveis para investidores individuais e institucionais, a Coinbase tende a se beneficiar do crescimento no volume de transações com stablecoins, gerando receita por meio de taxas de negociação e serviços de custódia.
O CEO Brian Armstrong já declarou como objetivo tornar o USDC a stablecoin dominante no mercado global, superando o USDT da Tether. No primeiro trimestre de 2025, a receita da empresa com stablecoins cresceu 50% na comparação anual, e a Coinbase atualmente detém 20% da oferta total de USDC em circulação, o que evidencia seu potencial de geração de receita nesse segmento.
Além disso, a companhia lançou o Coinbase Payments, uma solução que permite a comerciantes aceitar pagamentos com stablecoins, com liquidação quase instantânea e taxas menores, um movimento que desafia as redes tradicionais de pagamento.
2. Circle Internet Group
- Função: Emissora de stablecoins com foco exclusivo no setor
Após realizar um dos IPOs mais expressivos do ano, a Circle Internet Group (NYSE:CRCL), emissora do USDC, consolidou-se como uma das principais referências em infraestrutura de stablecoins. Fundada em 2013, a empresa opera a rede Circle Payments, voltada à liquidação de pagamentos internacionais e integração com instituições financeiras.
As ações da CRCL dispararam 168% na estreia na NYSE, em 5 de junho de 2025, e seguiram em tendência de alta, alcançando US$ 263,45 em 23 de junho, reflexo do entusiasmo dos investidores com sua tese de crescimento.
Fonte: InvestingPro
A regulamentação prevista pelo GENIUS Act deve acelerar a adoção de stablecoins, e o posicionamento regulatório da Circle fortalece sua vantagem competitiva em um mercado mais estruturado. Analistas projetam crescimento anual de receita entre 25% e 30%, impulsionado pelo uso crescente do USDC em pagamentos, negociação e finanças tokenizadas.
A companhia firmou parcerias com players globais como a Fiserv (NYSE:FI) e a Visa (NYSE:V), e vem implementando inovações como rebalanceamento entre blockchains e pagamento de taxas em USDC, o que amplia sua escalabilidade e alcance de mercado. Com receita de US$ 1,7 bilhão e lucro líquido de US$ 156 milhões em 2024, a Circle demonstra sólida capacidade financeira.
Adicionalmente, a empresa tem se expandido internacionalmente, com destaque para colaborações com o BNY Mellon (NYSE:BK) nos serviços bancários e novas parcerias nos mercados asiáticos, incluindo Japão e Singapura.
3. Fiserv
- Função: Infraestrutura de pagamentos no back-end
A Fiserv (BVMF:F1IS34), gigante do setor de tecnologia financeira com mais de US$ 9 trilhões processados em transações por ano, ingressou recentemente no mercado de stablecoins com o lançamento da FIUSD, desenvolvida em parceria com a Circle e a Paxos, e uma nova plataforma que conecta bancos e comerciantes a soluções baseadas em blockchain.
As ações da FI interromperam sua trajetória de queda após o anúncio da FIUSD e iniciaram movimento de recuperação, sinalizando aprovação do mercado à estratégia de inovação.
Fonte: InvestingPro
A entrada da Fiserv nesse setor a posiciona como ponte entre o sistema financeiro tradicional e os ativos digitais, ao permitir que seus clientes adotem pagamentos em blockchain sem a necessidade de reformular sua infraestrutura tecnológica.
A stablecoin FIUSD será integrada à vasta rede da Fiserv, que processa 90 bilhões de transações por ano em mais de 10 mil instituições financeiras e 6 milhões de estabelecimentos comerciais.
Ao incorporar funcionalidades de stablecoins à sua plataforma Finxact, a Fiserv passa a oferecer uma alternativa eficiente para instituições financeiras que buscam otimizar pagamentos internacionais. O enquadramento regulatório do GENIUS Act dá suporte à estratégia da companhia, que tem como foco a escalabilidade e a conformidade regulatória.
4. PayPal
- Função: Gigante de pagamentos com stablecoin própria
A PayPal (BVMF:PYPL34) (NASDAQ:PYPL), pioneira em pagamentos digitais, ingressou no mercado de stablecoins com o lançamento da PayPal USD (PYUSD), em agosto de 2023, em parceria com a Paxos. Criada para facilitar pagamentos, remessas internacionais e transações no comércio eletrônico, a PYUSD aproveita a ampla base de usuários e comerciantes da PayPal.
A empresa também estabeleceu parceria com a Fiserv para garantir interoperabilidade entre a PYUSD e a FIUSD, o que permitirá transações contínuas entre plataformas. Após o anúncio dessa colaboração, as ações da PayPal passaram a operar em alta, refletindo a confiança dos investidores em sua estratégia com stablecoins.
Fonte: InvestingPro
Com presença consolidada no setor de pagamentos, a companhia está bem posicionada para acelerar a adoção da PYUSD entre seus 426 milhões de usuários ativos e milhões de estabelecimentos comerciais, desafiando redes tradicionais como Visa e Mastercard (NYSE:MA).
Lastreada em depósitos em dólar, a stablecoin da PayPal já está integrada ao Venmo e ao sistema de checkout da própria empresa, permitindo que os comerciantes aceitem criptoativos com facilidade. O potencial de uso em remessas — um mercado de US$ 800 bilhões — e no dia a dia das transações é relevante. A divisão Braintree, que processa pagamentos para empresas como Uber (NYSE:UBER) e Airbnb (NASDAQ:ABNB), também estuda incorporar stablecoins às suas soluções.
Como emissora e facilitadora de transações com stablecoins, a PayPal pode se beneficiar de receitas com taxas e gestão de reservas, além de seu reconhecimento de marca favorecer a aceitação massiva desses ativos. Seu posicionamento duplo torna a ação um dos papéis mais interessantes para acompanhar conforme o setor ganha escala.
5. Robinhood
- Função: Ponto de acesso para o varejo
A Robinhood Markets (NASDAQ:HOOD), plataforma de negociação voltada ao investidor pessoa física, tem ampliado sua presença no ecossistema cripto e hoje permite a negociação e custódia de diversas stablecoins diretamente no aplicativo.
Com o crescimento do uso de stablecoins, as receitas da empresa com taxas de negociação e serviços de custódia tendem a crescer, fortalecendo seu papel como porta de entrada no segmento.
Fonte: InvestingPro
A companhia vem mostrando melhora nas margens operacionais e avanço no lucro líquido, e sua exposição a ativos digitais lastreados em dólar reforça o potencial de expansão, à medida que stablecoins se consolidam nas estratégias de negociação de investidores institucionais e de varejo.
Hoje, os 25 milhões de usuários da Robinhood já podem negociar stablecoins como o USDC e o Tether, e a plataforma tem expandido sua atuação para além do modelo de corretora. A empresa também obtém receita com os juros sobre as reservas de USDC mantidas em contas de clientes.
O Robinhood Wallet permite transferências de stablecoins com baixo custo para qualquer lugar do mundo, competindo diretamente com gigantes do setor de remessas, como a Western Union (NYSE:WU). Com planos de lançar um serviço de prime brokerage voltado a investidores institucionais, a Robinhood pode se tornar uma ponte entre o varejo e os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) baseados em stablecoins.
Considerações finais
Cada uma dessas cinco ações se destaca por sua exposição estratégica à nova era das stablecoins:
- Coinbase lidera em infraestrutura e acelera a adoção institucional;
- Circle fornece a base operacional e tecnológica do ecossistema;
- Fiserv conecta o sistema bancário tradicional às novas redes de pagamentos;
- PayPal alavanca sua escala global e rede de comerciantes para impulsionar o uso;
- Robinhood democratiza o acesso, aproximando os investidores individuais das finanças digitais.
Com o avanço da regulação e o crescimento do uso cotidiano de stablecoins, essas empresas estão entre as mais bem posicionadas para se beneficiar da expansão desse mercado. A disputa pelo controle das estruturas que sustentam o dinheiro digital já está em curso e será decisiva para o futuro das finanças.
Como sempre, investidores devem realizar uma análise criteriosa e acompanhar de perto os desdobramentos do setor antes de tomar decisões de alocação neste segmento em rápida evolução.
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