S&P 500 pressionado por valuation, mas lucros mantêm tendência de alta

O S&P 500 voltou a um ritmo mais moderado após a forte trajetória de alta observada entre 9 de abril e o fim de outubro. O índice já não supera mais sua média de desempenho acumulado no ano dos últimos dez anos. Até o momento, acumula ganho de 12,3% em 2025, alinhado à média anual da última década.

Ainda assim, o S&P 500 atingiu uma máxima histórica de 6.890,59 pontos em 29 de outubro, muito próximo da meta de 7.000 pontos estimada para o fim do ano, o suficiente, segundo a instituição, para considerar o objetivo cumprido. Agora, a marca de 7.000 é esperada para o início de 2026, com projeção de 7.700 pontos até o fim do próximo ano.

O que mudou foi o fôlego do rali ligado à inteligência artificial: a bolha não estourou, mas perdeu intensidade, o que é visto como um fator positivo para a sustentabilidade do ciclo de alta iniciado em 12 de outubro de 2022.

O índice S&P 500 em pesos iguais recuou até a média móvel de 200 dias, nível que os analistas não esperam ver rompido. Já o S&P 500 ponderado por valor de mercado segue 7,2% acima da MME de 200 dias, também sem perspectiva de teste. O Nasdaq acumula alta de 15,3% no ano, praticamente em linha com a média dos últimos dez anos.

Há, no entanto, o risco de o movimento atual evoluir para uma correção entre 10% e 20% a partir do topo. Parte dos investidores perdeu confiança na capacidade do mercado de mensurar corretamente os lucros associados aos chips de GPU adquiridos pelas grandes empresas de tecnologia (hyperscalers). Como resultado, o P/L futuro do grupo das “7 Magníficas” caiu de 31,0 para 28,1 vezes desde o fim de outubro, e pode haver mais ajuste adiante.

A queda recente do bitcoin também ajuda a explicar parte da fraqueza das bolsas. Muitos detentores de criptoativos também possuem ações de tecnologia, e o movimento de venda forçada afetou o mercado. O banco acredita, contudo, que a recuperação deve ocorrer nas próximas semanas, preparando terreno para uma possível alta de fim de ano.

As preocupações de curto prazo com o valuation são compensadas pelo forte crescimento dos lucros do S&P 500, que nos últimos três trimestres superaram em dobro as estimativas consensuais dos analistas. Os lucros projetados do índice continuam avançando para novas máximas históricas e devem, até o fim de 2025, se aproximar da estimativa de consenso para 2026, atualmente em US$ 309,28 por ação.

A visão contrária entre investidores é de que a alta do mercado em 2025 se deve, em grande parte, ao peso das “7 Mag”, que teriam inflado seus resultados depreciando chips de GPU em prazos mais longos (quatro a seis anos) em vez de períodos mais realistas de um a três anos.

Outro ponto de preocupação é que, ao contrário de outros tipos de semicondutores, as GPUs podem ter vida útil mais curta, sobretudo diante da rápida evolução tecnológica. O tema segue em debate e é considerado um risco conhecido, mas não quantificável.

Por outro lado, os lucros do grupo das “Impressionantes 493”, que representa o S&P 500 sem as sete gigantes de tecnologia, também avançam em ritmo acelerado e já atingem novas máximas históricas, um fator que sustenta o mercado de forma mais ampla.

Os resultados projetados para as empresas de médio porte (S&P 400 MidCaps) e de pequeno porte (S&P 600 SmallCaps) são menos expressivos. Muitas das companhias com maior potencial de crescimento acabam sendo adquiridas por grandes corporações antes de se consolidarem como novas Microsoft ou Eli Lilly.

A instituição mantém confiança na resiliência da economia americana, corroborada pela força dos lucros corporativos. Além disso, as pesquisas regionais de atividade industrial de novembro sugerem que o índice nacional M-PMI pode ter voltado a ficar acima de 50 pontos, indicando expansão.

Enquanto isso, dirigentes do Federal Reserve seguem debatendo publicamente se devem reduzir a taxa básica (federal funds rate) na reunião do FOMC marcada para 9 e 10 de dezembro. Os membros mais dovish demonstram preocupação com a alta do desemprego, enquanto os mais hawkish alertam que a inflação ainda está acima da meta de 2% ao ano. As expectativas inflacionárias permanecem elevadas.

Na última semana, houve uma rotação setorial no S&P 500, com saída de tecnologia da informação e consumo discricionário, e entrada em saúde e bens de consumo básico. A instituição indica viés de sobreposição em saúde, mantendo posição neutra em tecnologia e comunicações.

Os dados mais recentes mostram que todos os 11 setores e mais de 100 indústrias do índice registraram desempenho fraco na semana passada, refletindo o movimento global de realização. O mesmo padrão foi observado nos mercados acionários internacionais, que também enfrentaram um período de correção.

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