O ano de 2019 foi um ótimo período para a bolsa de valores brasileira. Até o momento em que escrevo este artigo (18/12), o Ibovespa subiu 29,6% no ano. Espero que você tenha feito boas decisões de investimentos e continue fazendo ao longo dos próximos anos da sua vida. Mas o que a bolsa em uma máxima histórica significa? Ela está cara?
Para responder essa perguntei chamei o partner da Set Investimentos, Leonardo Abboud, que preparou uma ótima apresentação para analisarmos o cenário e tirarmos nossas próprias conclusões.
O vídeo “A Bovespa está cara? Veja a resposta completa, com Leonardo Abboud” foi postado no meu canal no dia 29/11. No entanto, acredito ser importante ressaltarmos esse tema importante.
O primeiro gráfico da apresentação é a relação entre o retorno histórico do Ibovespa, dolarizado, com o EEM (NYSE:EEM), um índice de mercados emergentes, também dolarizado. Como é possível ver, existe uma correlação forte entre ambos.
Ao compará-lo com retorno deste ano, podemos ver que ambas performaram bem, com o Ibovespa ligeiramente melhor.
Ao analisarmos o indicador Preço/Lucro da bolsa, podemos ver que ele se encontra acima da média histórica de 10,5x – 11x. Atualmente, a bolsa negocia a cerca de 13x o lucro das empresas.
Situação que, na minha opinião, é natural. No cenário de baixas taxas de juros em que o Brasil vive, o custo de oportunidade caiu a níveis nunca vistos. Além disso, há um otimismo em relação à uma retomada econômica, principalmente por conta do andamento das reformas.
Isso significa que muitas pessoas terão de migrar seus investimentos de renda fixa para renda variável caso desejem aumentar os seus retornos. Por muitos anos, o CDI pagou mais do que o Ibovespa, algo que claramente não é natural e sustentável. Conseguia-se mais retorno com menos risco.
No entanto, o que preocupa Abboud é o gráfico abaixo, que replica uma carteira teórica do índice Bovespa com a mesma quantidade de dinheiro investido em suas 68 ações. Como sabemos, o IBOV é um índice com pesos, o que significa que as grandes empresas da nossa bolsa, como Petrobras (SA:PETR4), Vale (SA:VALE3) e Itaú (SA:ITUB4), representam a maior parte do índice.
Sendo assim, caso tivéssemos investido 1/68 de nosso montante em cada uma das empresas que compõem o principal índice de ações do mercado brasileiro, dividindo os recursos igualmente, teríamos tido um retorno de cerca de 40%. Muito acima dos atuais cerca de 30% do Ibovespa. Isso significa que as grandes empresas do índice puxaram a valorização para baixo, e as pequenas, em maior número, para cima.
Infelizmente, não posso abordar todos os aspectos do vídeo neste artigo, mas convido você para assisti-lo por completo. Eu e Abboud ainda analisamos o breakdown dos setores e comparamos com os pares americanos.
Mas qual a nossa conclusão sobre isso tudo? Pensamos que o Ibovespa em si não está caro, mas alguns setores sim. Eu, particularmente, sempre aportei e continuarei aportando todos os meses nas oportunidades mais atrativas do momento. Sugiro que faça o mesmo.