Mais uma semana onde o cenário macro dominou os mercados. Na quarta-feira o banco central europeu decidiu aumentar os juros em +0,75 pontos (o maior aumento de uma só vez em sua história, e com sinalização para novas altas durante os próximos 6 meses). A inflação na zona do euro voltou a preocupar com a inflação na Alemanha já ultrapassando os +9% ao ano! O presidente do FED* voltou a sinalizar possível aumento nos juros em +0,75 na próxima reunião no dia 21 de setembro. A Rússia continua deixando a Europa de joelhos e voltou a interromper o fornecimento de gás. O custo do gás na Europa explodiu chegando a subir +30% em 1 único dia. Com a crise energética muitos estabelecimentos / industrias já fecharam / estão fechando e o próximo inverno europeu será tenso. A China voltou a declarar lockdown em algumas cidades importantes e, com medo da recessão no setor imobiliário, voltou a sinalizar novos estímulos internos. Com todo esse nervosismo o petróleo tipo Brent chegou a cair -10% (conseguiu se recuperar e terminou a semana novamente acima dos +90 US$/barril @ 92,19 US$/barril). O euro chegou a negociar abaixo dos 0,99 EU$/US% e a libra atingiu seu menor valor dos últimos 20 anos!
No café mais uma semana onde os “vendidos” tentaram derrubar o mercado e levaram uma “violinada na cabeça”! Nas 3 primeiras sessões o Dez-22 chegou a romper os principais suportes e parou na média móvel dos 100 dias @ 220 centavos de dólar por libra-peso. O Dez-22 chegou a cair -1.090 pontos e na sexta-feira voltou a subir +800 pontos terminando a semana com leve alta de +0,49% (máxima/mínima/fechamento/ajuste respectivamente @ 231,55 / 220,65 / 229,80 / 228,50 centavos de dólar por libra-peso). O R$ voltou a oscilar entre +5,25/+5,15 R$/US$, terminando a semana @ 5.14 R$/US$.
O volume médio diário negociado ficou ao redor dos +32.000 lotes e na sexta-feira em apenas +24.182 lotes. Os fundos + especuladores terminaram o período comprados novamente acima dos +30.000 lotes com +30.799 (-2.169 lotes base semana anterior).
Como falamos na semana passada, ficar vendido nesse mercado, nesse momento, é muito arriscado. Os fundamentos continuam positivos e deverão continuar dando sustentação aos preços durante os próximos meses. Seguimos acreditando no “squeeze” contra o próximo vencimento Dez-22!
A quebra na safra brasileira 22/23 começou a ser “aceita” pelos “Golias” e deveremos ter novos números revistos/atualizados nos próximos dias. O Rabobank foi o primeiro a publicar nova estimativa reduzindo sua previsão para a produção global de café em apenas -3,30 milhões de sacas (+169,00 x +172,30 milhões de sacas) e ajustou o déficit global para -1,30 milhões de sacas x um superávit previsto inicialmente em +1,70 milhões de sacas. infelizmente não publicaram como chegaram nesses números e não falaram nada sobre a estimativa para a safra 22/23 brasileira. Mantendo a produção nas demais origens estáveis e a safra brasileira 22/23 prevista inicialmente por eles em +64,50 milhões de sacas, então o Brasil deverá ter produzido +61,10 milhões de sacas! Será?
Possivelmente veremos novos números/ajustes em breve. Pelos nossos números o déficit mundial deverá ser ao redor de -10 milhões de sacas e o estoque mundial final deverá ficar entre +22/+25 milhões de sacas! E o índice “estoque x consumo” entre +12,80 / +15,00%!
O IBGE também reportou nova estimativa (praticamente igual à previsão da Conab* em +53,40 milhões de sacas). Para o IBGE* a safra 22/23 ficou +53,70 milhões de sacas sendo +35,10 milhões de sacas para o café tipo arábica e +18,60 milhões de sacas para o café tipo robusta. A Conab* deverá publicar nova estimativa em breve. Vamos aguardar e “torcer” para ver se dessa vez eles irão publicar os estoques de passagem das últimas 2 safras (20/21 para 21/22 e 21/22 para 22/23).
A Cooxupé informou apenas agora que irá receber ao redor de +4,00 milhões de sacas dos seus associados. Porém não divulgou a estimativa final da safra 22/23. Por que não foram atualizando os números/expectativas a cada bimestre/trimestre? Transparência e informações claras para seus associados e para o mercado deveriam ter prioridade “zero” no mundo cooperado. Com tantos agrônomos em campo, visitando lavouras diariamente/semanalmente, “entrando” no mercado todo dia, só agora a quebra foi descoberta?
Como estarão as outras cooperativas? Será que já se posicionaram para começarem a renegociar seus compromissos de exportação assumidos com seus clientes externos e mercado interno? Será que já estão comprados em opções de compra “call*” para conseguirem recuperar parte do prejuízo financeiro que “eventualmente” terão? Ou estão se preparando para alegar “força maior” com seus clientes e renegociar seus contratos/entregas?
A Fundação Procafé divulgou um excelente material / “bate-papo” com o Alexandre, Rodrigo e Alisson referente o problema hídrico que já vem sendo noticiado no mercado e por muitos produtores com o seguinte título: “A seca assusta e já prejudica a safra 23/34”. De acordo com o material apresentado o déficit hídrico nas principais regiões produtoras é crítico e, senão chover nos próximos 15 dias, a próxima safra 23/24 estará comprometida – ASSISTAM! E vamos torcer para chover pelo menos +30/+40/+50 mm nos próximos dias e chuvas mais constantes para não ocorrer o abortamento das próximas floradas. Para muitos produtores algumas lavouras já estão com quebras irreversíveis.
Segundo a Cecafé* as exportações brasileiras em agosto-22 ficarem em +2.652.582 sacas (em julho-22 foram +2.476.437 sacas e em agosto-21 foram +2.831.633 sacas). Por enquanto a emissão de solicitação para novos embarques para o mês de setembro-22 já está -20,80% e os embarques em -32,90% menor que o mês anterior – terá sido o efeito “feriado da independência do Brasil”? Será que esses números irão convergir para os +2,70 milhões de sacas exportadas em agosto-22 ou para apenas +2,00/+2,20 milhões de sacas? Se ficar abaixo dos +2,50 milhões de sacas o mercado deverá “andar”! E muito! A justificativa dessa vez vai ser “problemas logísticos” ou “quebra de safra”? Não tem como não ficar “altista” nesse mercado, nesse momento! Sigo apostando nos +300,00 centavos de dólar por libra-peso e no mercado “invertido”.
Nossa projeção estima uma exportação no período julho-22/junho-23 entre +25,00 / +28,00 milhões de sacas! Claro, esse número está diretamente atrelado a safra 22/23 estimada entre +45/+50 milhões de sacas, consumo interno em +22,00 milhões de sacas, e estoque de entrada / passagem em +4,50 milhões de sacas.
Para a próxima safra 23/24 já existem “previsões/chutes” ao redor dos +40/+48 milhões de sacas para o café tipo arábica e entre +17/+24 milhões de sacas para o café tipo robusta! Então “pior cenário” por enquanto será +57,00 milhões de sacas e o melhor cenário +72 milhões de sacas. Qualquer número inferior a +65,00 milhões de sacas deverá ser considerado como “altista” pelo mercado – salvo se a demanda global ficar estagnada nos +173,50 milhões de sacas e se houver uma recuperação na produção da América Central / Colômbia e Vietnam.
Qual é a melhor metodologia utilizada para as previsões da safra? Qual é a sua estimativa final para a safra 22/23 e para a próxima safra 23/24? Feedback bem-vindo!
Para os produtores vendidos com travas para safra 23/24, 24/25 e 25/26 protejam-se! E para os que estão “long” nas suas posições também! Se a florada não vingar e a safra 23/24 vier abaixo dos +65,00 milhões de sacas poderemos ver o Set-23 buscando os +250/+300 centavos por libra-peso. Se vier acima, então os +180/+150 centavos de dólar por libra-peso “é logo alí”. Comprar seguro / estruturas através das opções de venda “Put*” garantindo um preço mínimo ao redor dos 1.300 R$/saca poderá ser uma ótima opção. Protejam a eventual baixa para um X% da sua lavoura e aguardem novas oportunidades para fixar/travar vendas futuras.
Os estoques certificados americanos terminaram a semana em +612.000 sacas e deveremos ver números abaixo dos +500.000 sacas em breve.
O mercado tem tudo para “andar/rasgar” nas próximas semanas. Para os “vendidos” em opções de compra “Call*” e/ou em contratos futuros, muto cuidado. Chamadas de margem poderão voltar a machuca-los.
Seguimos positivos para o curto/médio prazo.
Protejam-se. E não coloquem riscos desnecessários nos seus livros!
Ótima semana a todos!