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A Queda do Último Pilar Econômico

Publicado 25.06.2014, 22:32
GS
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PBR
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O argumento do emprego?

Dados divulgados ontem mostraram queda de 18% na criação líquida de vagas de trabalho em maio. Foi o pior resultado para um mês de maio desde 1992.

Com crescimento pífio combinado à inflação no teto da meta, juros nas alturas (maior juro cobrado de pessoas físicas desde julho de 2011), processo de desindustrialização em riste e controle árduo de preços da economia (com consequente deterioração na confiança dos empresários), o mercado de trabalho talvez representasse o último pilar ainda de pé da política econômica atual.

Ao menos aparentemente...

A(s) ressalva(s)

Não faltou aviso: os dados do mercado de trabalho e a propaganda de “pleno emprego” deveriam ter o seu mérito questionado por uma série de motivos, como:


(i) o processo de rápido envelhecimento da população brasileira;


(ii) a própria nuance do indicador, como o fato de só contar como desempregado o sujeito que está procurando um emprego

Aqui, o argumento do economista Alexandre Schwartsman para o fechamento do primeiro trimestre cai novamente como uma luva: a População em Idade Ativa cresce entre 1% e 1,5% ao ano (1,3% no trimestre em questão), enquanto a geração líquida de empregos foi próxima a zero.

Trocando em miúdos, só há redução da taxa de desemprego porque parcela da população simplesmente desistiu do mercado de trabalho, e não se pode atribuir o pleno emprego à competência da gestão pública.

Reforçando...

Em meio à queda nas vendas e acúmulo de estoques, o setor automotivo serve de ilustração para o dilema do mercado de trabalho.

Gráfico apresentado pelo Valor Econômico chama atenção para o avanço da ociosidade no setor, atingindo a marca de mais de 30% em abril, incomum para o período (semelhante a dezembro, mês tradicionalmente de paradas das montadoras).

Fábricas mais ociosas

Lembrando que somente este ano serão “dados” R$ 2,8 bilhões em estímulos e isenções fiscais ao setor, sem considerar o impacto de uma possível (e provável) extensão adicional do período de IPI reduzido.

Sim, o cenário preocupante já se dá sob um ambiente extremo de estímulos, o que obviamente reduz o impacto marginal de novos estímulos.

Mais um dado alarmante

O déficit brasileiro em conta corrente anunciado ontem montou a US$ 6,635 bilhões, o mais alto para um mês de maio em toda a série histórica. O desempenho conseguiu vir inclusive pior do que projetado pelo próprio Banco Central, de US$ 6 bilhões.

E agora, quem poderá nos defender?

A máquina de superávit primário

Ontem conversamos aqui sobre a reunião do Conselho Energético que deveria (expectativa de consenso) culminar na elevação do percentual de etanol na mistura da gasolina, dando assim um alívio de caixa para Petrobras (que tem que importar gasolina mais cara do que vende aqui dentro) e para as sucroalcooleiras (prejudicadas em um ambiente de preços controlados)...

...mas, surpreendentemente, a tal reunião não trouxe o alívio de caixa esperado.

Ao invés disso, ficou combinado que a Petrobras vai pagar ao governo R$ 15 bilhões até 2018 pela exploração de volumes excedentes de petróleo dos contratos de cessão onerosa. Disso, R$ 2 bi de bônus de assinatura imediatos, e os R$ 13 bi restantes a título de antecipação para o governo do que ele terá direito sobre a produção futura.

Detalhe: a “produção futura” começa a partir de 2021.

Ainda bem que Petrobras está com a estrutura de capital tranquila... Tem a maior dívida corporativa do mundo e roda com alavancagem nas alturas, de 4,0x dívida líquida/geração operacional de caixa (ebitda).

Ainda bem que, segundo o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, o repasse de recursos para o governo será “desprezível” se a

Petrobras cumprir tudo o que está previsto em seu portfólio para os próximos anos.

É aí que mora o perigo.

Fim do Brasil

O novo campeão da Copa

Por favor, dedique alguns segundos à manchete abaixo:

Futebol

Explico...

Os caras fizeram um relatório de projeções para os resultados da Copa do Mundo, e chegaram à conclusão que a Espanha ganharia o título.

Mas eis que a Espanha foi a primeira equipe eliminada da Copa. Nada que uma revisão no modelo não seja capaz de resolver.

Diante disso, pergunto: qual a credibilidade da nova projeção, depois que a primeira foi literalmente atropelada?

Holanda

O problema não é o Goldman (longe disso)

O problema não está no Goldman Sachs, que por sinal possui uma boa equipe de análise de ações, tampouco na divertida tarefa de fazer projeções sobre a Copa, que nós mesmo fazemos nos bolões do M5M...

... mas sim na dinâmica atual dos mercados.

Talvez você não tenha percebido, mas isso ocorre todo o dia com projeções para economia e ativos financeiros, e ninguém fala absolutamente nada! Levam as projeções para Copa como brincadeira, e dão respaldo às projeções econômicas.

Continuam seguindo os mesmos modelos de projeção de forma religiosa, como se eles tivessem a capacidade de prever variações de cenário, o impacto da aleatoriedade, o componente comportamental envolvido nas decisões dos agentes econômicos e uma infinidade de variáveis financeiras por anos e anos à frente que sequer a empresa projetada consegue prever para o mês vigente...

A partir disso, chegamos a cenários-alvo que servem de baliza para a recomendação (ou não) de um ativo financeiro.

Pior ainda, que as consequentes revisões de projeções (quase sempre correndo atrás do rabo), continuam impactando os preços dos ativos.

Falei sobre isso ontem mesmo, ao abordar projeções para a economia chinesa para o preço do minério de ferro.

Pelo visto, ainda tem muito bobo no futebol.

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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