Podemos não ter o Messi, nem mais o Romário, mas voltamos a ter o maior juro real (descontado da inflação) do mundo.
Tá, e qual a novidade?
Meus erros e acertos (mea culpa)
Ontem falamos da quarta-feira rock n’roll e suas diversas implicações. Para quem não lembra das apostas para o dia: “vitória do Cruzeiro, aumento de 50 bps na Selic, engov, anúncio da Yellen, e “o comitê vai monitorar os próximos indicadores da economia e vai manter o programa de compra de títulos até que a identifique melhora consistente no mercado de trabalho”. [este último sobre a ata do Fed]
Como viram, dei uma bambiada e errei uma.
O que isso quer dizer?
Que felizmente a análise de investimentos tem componente de feeling, mas tem lastro em fundamentos, e - ainda bem - não fazemos previsões (sobre o mercado). E que mais vale o comunicado que acompanha a reunião do Copom do que a decisão em si.
Este:
“Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano” Percebeu? É rigorosamente o mesmo comunicado publicado na reunião de 45 dias atrás. E o que isso quer dizer? Que o Copom pode estar preparando o terreno para outro aumento de 50 pontos-base na Selic na reunião de novembro. Pode ser a deixa para um processo de convergência das expectativas, até então concentradas em um aumento de 25 pontos-base na última reunião do ano.
O que 50 bps podem mudar na sua vida
Exemplo clássico são as incorporadoras e empresas de consumo, por exemplo, que tradicionalmente sofrem com Selic mais alta. Os bancos, por sua vez, podem ganhar com isso, especialmente aqueles que dispõem dos maiores spreads.
Já o mercado de fundos imobiliários costuma apanhar. O pessoal muitas vezes ignora a possibilidade de ganho de capital no valor das cotas, vendo os fundos imobiliários como mero reflexo de um rendimento anual projetado (yield). Sob esta ótica, uma Selic (aplicação convencional com menor perfil de risco) próxima de 10% rouba atratividade de um bocado de FIIs que remuneram perto disso.
Como boa parte do mercado já esperava os 50 bps de aumento, muitos desses desdobramentos já estão devidamente precificados nos preços dos ativos. Mas uns mais e outros menos. Ainda há espaço para surfar o efeito-Selic: aqui separamos quatro oportunidades para ganhar com isso.
PS: O material em questão faz parte de nossa mais nova seção da Empiricus, a Stock Picking. Seu intuito é fornecer semanalmente para o assinante uma seleção de ações, cada qual com um critério diferente. Exemplos: as ações que mais se beneficiam da alta da Selic, as ações atrasadas do rali, as ações líquidas abaixo do valor patrimonial que valem a pena. Se tiver alguma boa sugestão de tema para seleção, envie por aqui.
Nessa longa estrada da...
As ações de concessionárias de rodovias também encontrariam argumento para algum desconforto de curto prazo, condicionado ao fato de terem sua dívida lastreada à Selic, ainda que indiretamente (amarrada a TJLP e CDI), ao passo que suas receitas têm o fator multiplicador pela inflação (perspectiva de pressão baixista com a Selic mais elevada).
Ainda assim, aqui o espaço para perdas é bastante limitado, tendo em vista o perfil consistente de fluxos de caixa (receitas previsíveis) e a estrutura de capital em geral confortável dos principais expoentes do segmento, com baixos índices de alavancagem. As ações de Arteris (ARTR3), CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3) reagem com alguma indiferença no pregão desta quinta-feira. A propósito, minha ordem de preferência no setor é essa mesmo.
DR
A despeito da indicação acima, fica difícil reconhecer os potenciais impactos da Selic considerando o movimento desta quinta-feira. As indicações que vêm dos EUA são de uma negociação mais amigável para possivelmente chegarem a um acordo para o teto do orçamento, e isso diminui o burburinho de um eventual calote por parte do governo americano, o que seria traumático para os mercados.
Por “amigável”, entenda: pela primeira vez os republicanos toparam negociar com o Obama. Não que isso vá necessariamente mudar o jogo, mas é algo. Não daria para chegarem a um acordo sem ao menos terem sentado para conversar - o que, acredite, era o status até então.
Girl power!
Você conhece Akerlof?
Não a vodka, o ganhador do Nobel de 2001. Aquele cara do “Market for Lemons”, que explorou a questão da assimetria de informações entre os agentes de mercado...
Nada?
O marido da Yellen!
Agora sim. Em homenagem à “DR” e ao “Girl Power”, hoje terminamos com o maior vácuo da história:
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.