A terça-feira (14) antes da pausa do feriado nacional, quando o Ibovespa disparou ao maior nível desde agosto de 2021, deixou claro que o rali de Natal já começou. O movimento teve continuidade ontem (15) nas bolsas de Nova York, com a inesperada deflação ao produtor nos Estados Unidos (PPI) reforçando a impressão deixada pelo índice de preços ao consumidor americano (CPI) no dia anterior.
BLACK FRIDAY Antecipada: Tenha mais desconto no plano bianual com cupom “investirmelhor”
Ou seja, os números recentes não apenas consolidaram as expectativas de fim do aperto dos juros pelo Federal Reserve como também anteciparam para maio o primeiro corte na taxa dos EUA, dando a senha para uma disparada dos ativos de risco.
Mas, não se engane: altas diárias expressivas das ações são mais comuns em mercados de baixa (bear market). Portanto, investidores não devem se empolgar com o desempenho de apenas um dia - ou mais - pois não é isso que crava uma tendência de alta (bull market).
Da série: eu te disse, eu te disse
E não sou eu quem está dizendo. O alerta vem do colunista Mark Hulbert, do MarketWatch. Citando dados históricos da Ned Davis Research, ele mostra que grandes picos diários em NY são mais frequentes em mercados de baixa, justamente por serem mais voláteis.
Além disso, o próprio presidente do Fed, Jerome Powell, alertou recentemente para o perigo de ser enganado por dados bons durante alguns meses. Na ocasião, ele mostrou que não está totalmente convencido de que a taxa de juros nos EUA esteja suficientemente alta para alcançar a meta de inflação de 2% no longo prazo.
Então, o recado está dado. Nem adianta, depois, mostrar certa frustração, pois também não se pode dizer que ninguém avisou. Como avisa o personagem Confuso, do desenho animado Carangos e Motocas: “Eu te disse, eu te disse”.
Talvez por isso, as altas do dólar e dos rendimentos (yields) dos títulos dos EUA (Treasuries) no exterior ontem (15) corrigiram a euforia da terça-feira (14). Nesta manhã, os futuros dos índices em Nova York estão na linha d’água, com um ligeiro viés negativo.
Por aqui, o imbróglio em torno da meta fiscal de 2024 continua. Ao que tudo indica, a mudança deve ficar para março. Até lá, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) corre para implantar medidas para elevar a arrecadação e conseguir manter o alvo de déficit zero.
Nesse caso, porém, é o mercado doméstico que incorpora a mini-moto da Turma do Chapa e tenta prevenir-se de que os planos ambiciosos da equipe econômica do governo Lula não darão certo. A ver, então, o que invariavelmente irá acontecer.