Publicado originalmente em inglês em 22/04/2021
- Resultados do 1T21 serão divulgados na quinta-feira, 22 de abril, após o fechamento do mercado;
- Expectativa de receita: US$ 17,78 bilhões;
- Expectativa de lucro por ação: US$ 1,14.
O rali nas ações da Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34) até agora em 2021 é promissor, após anos desafiadores enfrentados pela companhia. No acumulado do ano, o papel já disparou mais de 25%, superando em muito o desempenho tanto da Nasdaq quanto do Índice de Semicondutores da Filadélfia, referência na indústria.
O rali acelerou em março, após o novo CEO da companhia, Pat Gelsinger, anunciar um plano de recuperação que pode ajudar a impulsionar o crescimento dos negócios e manter a Intel no posto de maior fabricante de processadores do mundo, depois de muitos tropeços que prejudicaram as vendas.
Em fevereiro, a Intel demitiu seu executivo-chefe Bob Swan para a entrada de Gelsinger, ex-chefe da VMware (NYSE:VMW) e que já havia passado anos na divisão de engenharia da Intel, para conduzir a problemática gigante de semicondutores que, no ano passado, cedeu o título de empresa mais valiosa dos EUA no segmento para a rival NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34).
Esse processo é resultado da incapacidade da Intel de produzir os processadores mais avançados antes dos seus rivais, que terceirizaram a maior parte da sua produção com a Taiwan Semiconductor Manufacturing (NYSE:TSM) (SA:TSMC34). Esses tropeços produtivos ajudaram os concorrentes a ganhar participação de mercado, em prejuízo dos acionistas da Intel.
No ano passado, quando outras fabricantes viram seus papéis decolarem com o aumento da demanda, as ações da Intel mal se mexeram. Na verdade, caíram mais de 3%, enquanto a NVIDIA mais do que dobrou de valor.
Apesar da força recente nas ações da Intel, que fecharam o pregão de ontem cotadas a US$ 63,70, os investidores não devem esperar uma grande surpresa em seus resultados no fim do dia de hoje, quando será divulgado seu balanço do 1º tri. A expectativa é que as vendas caiam 10% neste ano fiscal, após uma alta de 8% no ano anterior. Em 2019, a alta foi de apenas 1,6%.
Nova unidade de fundição de US$ 20 bilhões
Em meio a esses desempenhos inconstantes, a Intel está tentando mudar de rota, o que está alimentando o otimismo dos investidores. No mês passado, Gelsinger revelou um grande plano que incluía a criação de uma nova unidade de fundição de US$ 20 bilhões para fabricar circuitos integrados de outras companhias. Ele também planeja usar fábricas rivais para terceirizar a produção de mais componentes da Intel.
No mês passado, Gelsinger afirmou:
“A Intel está de volta. A velha Intel é a nova Intel. Vamos ser líderes no mercado e atender novos clientes de fundição, porque o mundo precisa de mais semicondutores e vamos fechar essa lacuna da melhor forma possível.”
Alguns analistas estão céticos com a nova direção da empresa de Santa Clara, Califórnia, lembrando aos investidores que a fabricante de semicondutores não conseguiu ter sucesso em sua última empreitada nos negócios de fundição.
“Evidentemente, haverá muitas dúvidas quanto à capacidade da Intel de ter sucesso na fundição diante do seu fracasso passado”, declarou C. J. Muse, analista da Evercore ISI, em uma nota no mês passado. Mas, segundo ele, o novo plano da Intel “sugere que esse esforço é muito mais sério sob a atual liderança”.
Harlan Sur, analista do JP Morgan, reiterou a recomendação de compra na Intel em janeiro, com preço-alvo de US$ 70, e acredita que o histórico de Gelsinger na VMware e sua atuação como diretor-geral de tecnologia da Intel permite que ele conduza bem a companhia em um dos períodos mais desafiadores da sua história.
Conclusão
As ações da Intel são uma aposta de recuperação ideal para investidores de longo prazo, principalmente por causa do crescimento da demanda de processadores, que deve durar vários anos diante da ampla escassez e urgência política para construir instalações domésticas. Mas, para ter sucesso em sua corrida global, as empresas têm que gastar muito, como anunciou a Intel no mês passado, na expectativa de entrada de receita nos próximos anos.