Alvo de US$ 10 mil para o ethereum de volta ao radar: possível ou exagero?

Publicado 15.08.2025, 14:35

Nos últimos seis meses, o ethereum superou o desempenho do bitcoin, acumulando alta de 67%, contra um ganho mais modesto de 20% da maior criptomoeda. Enquanto o bitcoin é visto como uma espécie de “ouro digital”, sem a escassez física do metal, o ethereum atua como um motor para contratos inteligentes.

Desde sua criação até a transição do proof-of-work para o proof-of-stake, a rede expandiu o conceito monetário de longo prazo do bitcoin para uma economia programável. Na prática, qualquer serviço financeiro existente pode ser transformado em um aplicativo descentralizado (dApp), automatizado, operando 24 horas por dia e sem necessidade de intermediários.

O efeito de rede consolidou o bitcoin como um ativo único. Nenhuma outra criptomoeda se aproxima de seu nível de segurança, garantido pelo modelo proof-of-work e pelo ajuste de dificuldade da mineração. Minimalismo, imutabilidade e evolução conservadora de funcionalidades tornam seu preço altamente dependente do cenário macroeconômico.

O mesmo não se aplica ao ethereum, que enfrenta concorrência direta no setor de finanças descentralizadas (DeFi) e desafios ligados à sua filosofia de desenvolvimento. Nesse contexto, como investidores devem avaliar a exposição ao ETH?

Efeito de rede do ethereum é relevante, mas vulnerável

Assim como o bitcoin domina 58% do mercado cripto, o ethereum detém 61,3% de participação entre blockchains de DeFi. Segundo dados do DefiLlama, US$ 96,6 bilhões estão bloqueados em seus contratos inteligentes, nível próximo ao pico de novembro de 2021, quando o total superou US$ 108 bilhões.

Para efeito de comparação, a segunda maior rede de DeFi, a Solana, possui apenas US$ 11,2 bilhões em valor total bloqueado (TVL).

O ethereum consolidou essa liderança ao servir como núcleo de expansão do ecossistema, escalando a rede com soluções de segunda camada (layer 2), como Base (da Coinbase), Arbitrum, Polygon, Optimism, Unichain, entre outras.

Embora tragam maior complexidade para o usuário final, exigindo a ponte de tokens e a alternância entre redes, essas soluções ajudaram a eliminar gargalos e reduzir a volatilidade das taxas de transação.

Ao mesmo tempo, esse alcance torna o ethereum o principal alvo de ataques e falhas exploradas em contratos inteligentes. De acordo com o relatório Hack3d do primeiro semestre de 2025, elaborado pela CertiK, a rede sofreu perdas de US$ 1,6 bilhão em 175 incidentes de segurança.

Além disso, erros de uso dentro do ecossistema, perdas por falhas do próprio usuário, já somaram cerca de US$ 3,43 bilhões em ETH, segundo estimativa conservadora do pesquisador Conor Grogan.

Esses números reforçam a confiança em redes mais minimalistas, como o bitcoin, e em alternativas de evolução mais lenta, como a Cardano, que adota revisão por pares para definir seu roteiro de desenvolvimento. Ainda assim, a estratégia do ethereum prevê escalabilidade na camada 1 com sharding e abstração de contas, reduzindo a complexidade operacional para o usuário final.

Elasticidade da oferta de ethereum

Embora haja 120,7 milhões de ETH em circulação, que correspondem à oferta total, o ethereum não possui limite fixo como o bitcoin. Para sustentar o crescimento, incentivando validadores da rede, sua oferta é elástica.

No modelo de oferta fixa do bitcoin, as recompensas da rede são reduzidas pela metade a cada quatro anos (halving), e a segurança é financiada pela valorização do ativo.

Já no ethereum, o orçamento de segurança é ajustado de forma dinâmica. Atualmente, cerca de 35,7 milhões de ETH estão em staking para validar a rede proof-of-stake, gerando novas moedas. No entanto, esse acréscimo é compensado pelo mecanismo de queima de tokens, criando uma escassez programada.

Como resultado, a taxa de inflação do ethereum gira em torno de 0,74% ao ano, semelhante à do bitcoin e bem abaixo da meta de inflação de 2% do Fed para o dólar. Apesar dos problemas de segurança e uso, o ETH se mantém como infraestrutura viável para o DeFi, unindo a versatilidade dos contratos inteligentes a uma política monetária sólida.

Ainda assim, seu preço continua sujeito aos ciclos de mercado.

Sinal de lucratividade negativa e MVRV

De acordo com a TokenTerminal, o ethereum mantém cerca de 2 milhões de usuários ativos por mês em milhares de dApps, liderando em atividade de desenvolvedores no setor cripto. Contudo, assim como empresas em fase inicial, a rede ainda não é lucrativa, devido a incentivos recorrentes em tokens para estimular o uso.

Se fosse uma empresa, a emissão dinâmica de ETH equivaleria à emissão de novas ações para financiar segurança em momentos de desaceleração, enquanto a queima de tokens funcionaria como recompra de ações.

A receita principal vem das taxas de transação (gas), recompensas de staking e valor máximo extraível (MEV), mecanismo avançado pelo qual produtores de blocos reorganizam ou inserem transações.

Esses fatores determinam o indicador Market Value to Realized Value (MVRV). Quando o MVRV ultrapassa 3,0, o mercado costuma atingir topo, seguido de correção. No início de agosto, o MVRV do ethereum estava em 2,0, sugerindo alguns meses adicionais de alta antes de uma provável reversão.

Ethereum deve superar o topo anterior

Nos últimos quatro anos, durante o governo Biden, o setor cripto enfrentou forte pressão, seja pela atuação da SEC sob Gary Gensler, seja por restrições indiretas via sistema bancário. Esse ambiente reduziu o entusiasmo dos investidores.

No início do governo Trump, observa-se uma mudança nessa postura institucional. Um dos sinais é o aumento dos fluxos de capital para tesourarias corporativas com posições em ether.

Segundo o Strategic ETH Reserve tracker, atualmente 72 entidades detêm 3,6 milhões de ETH, avaliados em cerca de US$ 16,6 bilhões. Assim como ocorreu com os ETFs de bitcoin à vista, a tendência é que o mesmo efeito se repita com o ethereum.

Investidores também devem considerar o impacto da recente aprovação do Genius Act, que abre uma nova fase para as stablecoins. O ethereum é, de longe, a maior rede para movimentação desses ativos, com valor de mercado de US$ 138 bilhões, seguido pela Tron, com US$ 83 bilhões (quase todo em USDT).

Combinando elasticidade de oferta, baixa inflação e ampla gama de aplicações em DeFi, o ETH tem fundamentos para superar o recorde histórico de US$ 4.891, registrado em novembro de 2021. De acordo com a Fundstrat Digital Asset Research, os analistas Tom Lee e Sean Farrell projetam US$ 10 mil por ETH até o fim de 2025.

É provável que haja uma realização de lucros à medida que o MVRV avance, mas, em um cenário mais favorável ao setor, esse movimento pode representar apenas uma oportunidade para recomposição de posição.

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