Com a diversificação de serviços do Magazine Luiza (SA:MGLU3) nos últimos anos e o avanço de empresas estrangeiras, como o Mercado Livre (SA:MELI34) (NASDAQ:MELI) e a Amazon (SA:AMZO34)(NASDAQ:AMZN), a B2W (antiga BTOW3) teve que se transformar para não ficar para trás. Em abril de 2021, a varejista online e as Lojas americanas (LAME4 (SA:LAME4) e LAME3)) anunciaram uma reestruturação de seus negócios, que contemplava a fusão entre elas e uma possível futura listagem da nova empresa nos Estados Unidos.
Os planos, classificados como de longo prazo, tinham como objetivo reduzir a complexidade operacional e tributária das companhias e, por fim, levar à listagem da holding americanas inc. (isso mesmo, com letra minúscula) aos EUA.
Outra empresa brasileira que decidiu deixar a B3 (SA:B3SA3) foi o Inter BIDI11). Em outubro de 2021, o banco digital iniciou seu movimento de reorganização societária para listagem de uma nova holding, a Inter&Co, na Nasdaq em Nova York.
Mas — ao contrário dos planos da americanas — a proposta de reorganização do Inter é bem diferente e a migração para o mercado americano está em estágio bem mais avançado.
americanas: uma nova jornada de criação de valor
Num desenho que aumenta o alcance para além das fronteiras brasileiras e eleva o potencial de crescimento nos próximos anos, a B2W incorporou as Lojas americanas, permitindo a criação de uma nova empresa, chamada apenas de americanas s.a. Com isso, as suas ações (BTOW3 e LAME4) deixaram de ser negociadas na B3 e a nova empresa passou a ser negociada pelo código AMER3).
Após a mudança, agora a companhia se prepara para criar uma holding (americanas inc.) listada nos Estados Unidos e que controlará a americanas S.A.
A ideia da empresa ao ser listada na bolsa de Nova York é de conseguir captar recursos de investidores internacionais para acelerar os seus planos de expansão orgânica e, quem sabe, até mesmo adquirir outras empresas que possam agregar na construção de seu ecossistema de negócios.
A migração das ações do Inter para a Inter&Co
Já a proposta de reorganização societária do Inter, que está em sua segunda (e última) tentativa, tem como objetivo principal a migração da sua base acionária para os EUA e dar continuidade aos seus planos de se consolidar como uma empresa global. Além dos benefícios relacionados às suas ações, a transação também representa um novo passo que a companhia dá para expandir sua base de clientes para além do território brasileiro e replicar o seu ecossistema em outros países pelo mundo — EUA poderá ser apenas o primeiro.
Além disso, a mudança para os EUA é muito positiva para os acionistas do Inter, tendo em vista que a conclusão do processo aumenta ainda mais o potencial da companhia de entregar crescimento em seus resultados e, consequentemente, a tendência é que as ações acompanhem esse crescimento no longo prazo.
Vemos a reorganização como mais um passo que o Inter dá para se consolidar como uma empresa global. Vale lembrar que a empresa já havia realizado, recentemente, alguns movimentos voltados para esse objetivo, como a aquisição da USEND (possibilitou a criação de sua conta global) e do lançamento de seu home broker internacional para facilitar o acesso direto a ativos americanos para os seus clientes.
As preocupações que giram em torno da americanas
Assim como a reorganização do Inter, a proposta da americanas também traz muitos benefícios para a companhia, como uma melhora nos padrões de governança corporativa, mais liquidez para as ações e um maior potencial de expansão para novos mercados.
Porém existem, sim, os pontos de atenção, principalmente relacionados aos próximos passos após a conclusão da transação, tendo em vista que o cenário macro continua pressionando muito o setor varejista (inflação e juros altos) e a concorrência continua aumentando e obrigando que as companhias se reinventem a cada dia.
A nosso ver, o sucesso com uma possível listagem da americanas nos EUA dependerá muito dos planos da empresa para a utilização dos recursos que poderão ser captados, tendo em vista que o mercado de varejo está cada vez mais “exigente” e obrigando as empresas do setor a pensarem fora da caixa e irem além da venda de produtos.
A americanas já possui um marketplace consolidado, mas que pode acabar sendo apenas um dos negócios de um ecossistema mais completo no futuro, caso siga os caminhos de grandes empresas no setor, como o Magazine Luiza.