Anseio Por Corte na SELIC é Grande, Mas Sem Convicção Sobre Retomada da Atividade

Publicado 31.07.2019, 09:00
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Temos enfatizado desde muito que a Reforma da Previdência e mesmo a Reforma Tributária a ser apresentada pelo governo não têm a capacidade de impulsão da retomada da atividade econômica, a despeito de serem medidas imprescindíveis e corretas visando amenizar a crise fiscal do país e desburocratizar, acreditamos, o amplo imbróglio que é a política tributária, que acarreta gastos enormes ao empreendedor no Brasil, e com isto proporcionando ambiente com grau menor de incertezas aos investidores nacionais e estrangeiros.

O anseio predominante e imediato é que o COPOM reduza a taxa SELIC em 0,50% ou pelo menos 0,25%, mas no nosso entendimento esta redução por si só não tem capacidade de impulsão na atividade econômica do país. Se o BC/COPOM tiver foco mais concentrado nos impactos que poderão ser maiores no câmbio e discretos na economia, poderia até postergar a redução, mas o desapontamento dos agentes financeiros seria de grande desapontamento e críticas.

A questão da retomada da atividade econômica está dependente da prévia retomada dos investimentos produtivos que, neste momento, sofrem contenção motivacional decorrente da soberba capacidade ociosa presente na economia e que, antes dos novos investimentos e geração de emprego, renda e consumo, precisa ser exaurida.

Este é o “nó”, o entrave, o fator negativo para os anseios de rápida reação positiva as medidas pontuais e necessárias focadas pelo governo, e que tende a gerar frustrações as projeções otimistas colocadas sem observar ou mitigando pontos relevantes presentes no “status quo” do parque produtivo do país e na carência de renda disponível para consumo da população.

Se o governo não tem recursos, já que as reformas não são geradoras dos mesmos, e o setor produtivo privado não tem motivação imediata, e a retomada carece de potencialização do consumo, o país fica dependente do programa de privatizações, contra o qual se espera forte reação corporativista-nacionalista, para que o governo readquira capacidade de investimentos estruturais e dê o impulso na geração de empregos e renda e especificamente na capacidade de consumo que vai estimular o setor produtivo a focar, então, no investimento gradual na medida em que a capacidade ociosa instalada for dando sinais de redução drástica.

Isto certamente demandará maior tempo do que o desejado e requerido pelo país, o que poderá fazer maior a ansiedade mesclada à frustração, mas é o imponderável.

Não será com o programa de liberação dos recursos do FGTS aos trabalhadores que se dará capacidade de consumo potencial que a economia precisa, visto que parte do que será liberado já foi consumido e hoje compõe a inadimplência presente por parte da população.

Por outro lado, não se esperam benesses dos setores de crédito à população, havendo mesmo postura defensiva para a concessão face à elevada inadimplência presente.

O governo está absolutamente correto nas suas proposituras de reformas imprescindíveis e até na implantação de programa de privatizações, mesmo que isto lhe custe perda de popularidade nesta fase de consolidação destas ações corretivas, mas é relevante que o faça, porém é inconsistente qualquer previsão de retomada da atividade econômica de imediato.

Será necessário um tempo para que todas as peças da atividade econômica se alinhem após o desgaste de anos de perda de dinamismo, porém é o imponderável e não há espaço para ser muito diferente.

O FED americano tem reunião conclusiva hoje, coincidente com a local do BC/COPOM, e deliberará sobre o juro americano e a tendência é que corte de 0,25%, mas surpresas não podem ser descartadas.

O estreitamento da taxa de juro interna com a externa afasta os fluxos externos de capitais especulativos para o Brasil, que poderiam ser uma atenuante para conter a progressão do fluxo cambial negativo para o país.

Porém, em contraposição este fato – o estreitamento das taxas de juros – impulsiona a propensão de troca de dívida externa por dívida interna, o que provoca um incremento no fluxo de saídas de recursos estrangeiros do país e neutraliza os ingressos, intensificando o fluxo cambial negativo.

O estreitamento inviabiliza o fluxo de investimentos especulativos para o país, enquanto os fluxos de investimentos não especulativos também ficam contidos pela perspectiva desmotivadora da economia brasileira no curto prazo, havendo melhores oportunidades nos outros países emergentes.

Em consequência do estreitamento do juro interno e externo a formação do custo do cupom cambial combinado com o fluxo cambial negativo, pode repercutir em pressão sobre a formação do preço do câmbio no mercado à vista, apreciando o dólar frente ao real.

O BC precisará se manter vigilante sobre o comportamento do câmbio, provavelmente tendo que agir de forma mais contundente e diversificada com suas intervenções de imediato para conter os efeitos ruins do estreitamento entre as taxas de juros interna e externa, enquanto as benesses poderão ocorrer no médio prazo.

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