Ao Investir nos Mortos, Podemos Acordá-los

Publicado 15.05.2018, 12:08

Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.

Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
– Hilda Hilst

A escritora Hilda Hilst queria fazer contato com os mortos.

Sua esperança era a de que pudesse levar sua voz até o outro lado, e trazer de volta as respostas.

Desafiava assim o clichê de que o poeta é sempre um narcisista, que quer apenas sua própria voz ouvida.

Em vez de ela mesma, preferia os mortos – algo raro para os financistas autocentrados.

Ao investir, investimos em nós mesmos, o que é sempre um perigo letal.

Procuramos uma ação que viva como nossas próprias vidas, e replicamos assim os nossos próprios defeitos em todos os cantos do mercado.

Idealmente, deveríamos investir em ações de empresas falecidas, que já não replicam coisa alguma.

Paga-se zero por elas e, na pior das hipóteses, elas não enchem o saco de ninguém.

Vai que um dia ressuscitam, né? E então enriquecemos.

Não julgo que o Daniel Malheiros passe parte do tempo cavoucando tumbas de cemitérios em seus Fundos Imobiliários.

Ou que o Alê Mastrocinque acesse o “Lado Extremo da Vida” em seu Empiricus Insider.

Ao investir no mundo dos mortos, podemos realmente acordá-los.

Duvida?

Deixe-me contar uma história horripilante.

Em 19 de agosto de 2016 – data cabalística –, recomendei a compra do fundo imobiliário CEOC11.

Na época, suas cotas valiam em torno de 57 reais, e o FII não pagava os típicos proventos mensais, pois buscava locatários e propunha carência.

Fazia-se de morto.

Hoje vive, paga aluguel e vale em torno de 90 reais em Bolsa.

CEOC11

PETR4 também compramos morta há algum tempo, para um dia vendê-la revigorada.

Mesmo sob águas profundas, já existe algo se mexendo dentro do caixão. Não tenho pressa.

Os ativos mortos, por ironia, são os que precisam de mais tempo.

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