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Após o pior ano desde 2008, fundos de hedge se preparam para um 2023 difícil

Publicado 05.01.2023, 14:21
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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No ano passado, os fundos de hedge globais registraram seus piores retornos em 14 anos, após o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) começar a apertar sua política monetária, o que acabou afetando os preços dos ativos. Em uma nota mais positiva, as perdas dos fundos foram menores, se comparadas com os fortes recuos dos mercados de ações e títulos durante o ano.

Dados mostraram que alguns fundos de hedge empregaram estratégias macro, como investir em commodities e câmbio, ao mesmo tempo em que tiraram vantagem das discrepâncias de preços entre instrumentos relacionados.

Retornos negativos, porém melhores que os de ações e títulos

Dados da empresa de investimentos Preqin mostram que os retornos dos fundos de hedge tiveram uma queda de 6,5% em 2022, o que representa o maior declínio desde 2008, quando os retornos afundaram 13%. Para fins de comparação, o MSCI World Index, um índice amplo de ações mundiais que rastreia o desempenho de ações de empresas de grande e média capitalização em 23 países desenvolvidos, recuou 18,7% em 2022. Já índice ICE BofA U.S. Treasury se desvalorizou quase 12%. O S&P 500 fechou o ano com uma queda de quase 20%.

Em relação às estratégias, os fundos macro subiram 8,2% desde o início de 2022 até novembro, em comparação com as estratégias de ações e baseadas em eventos, que tiveram perdas de 9,7% e 4,7%, respectivamente, conforme dados da Hedge Fund Research (HFR).

Os estrategistas do UBS escreveram:

“Como estratégia, o macro historicamente apresenta um movimento menos correlacionado com o mercado acionário mais amplo, ajudando a diversificar os portfólios. Acreditamos que uma continuação da política de aperto monetário e da alta volatilidade deve favorecer os gestores macro em 2023".

Além disso, os fundos ativistas recuaram 13,8%, de acordo com a HFR. Esses tipos de fundos de hedge usam participações minoritárias para contestar estratégias corporativas e provocar mudanças na gerência, aumentando o valor aos acionistas.

Andrew Hendry, da Janus Henderson Investors, afirmou que as estratégias seguidoras de tendências entregaram retornos decentes em 2022, graças às fortes pressões inflacionárias. Essas estratégias se baseiam na ideia de que os mercados incorporam informações “de forma ineficiente e em diferentes velocidades”, e os mercados que começam a se movimentar em uma direção tendem a não registrar uma reversão, acrescentou.

“A tendência teve um excelente ano em 2022, graças aos fortes preços das commodities e fraqueza nos títulos”, afirmou Hendry.

De acordo com a Preqin, o patrimônio dos fundos de hedge globais recuou 4,8% nos primeiros três trimestres de 2022, para US$ 4,3 trilhões. Esses fundos registraram uma saída de fluxo de US$ 109,8 bilhões no total durante o intervalo. Além disso, apenas 915 fundos foram lançados em 2022, menor número em 10 anos.

Outro ano difícil em 2023?

Após um ano tumultuado em 2022, um grande número de gestores de fundos de hedge está se preparando para um ano de inflação elevada, melhor atratividade das commodities e títulos que tendem a performar bem nessas condições.

A maioria dos gestores de fundos de hedge e ativos globais acredita que as commodities estão atualmente subvalorizadas e devem se destacar neste ano, em meio a expectativas de que a inflação permaneça elevada em 2023. Outros ativos podem ter bom desempenho neste ano, como os títulos indexados à inflação, que servem de proteção contra os aumentos de preços, e a exposição ao crédito corporativo.

Por outro lado, os gestores de fundos devem evitar ou operar vendidos no mercado acionário, que registrou uma significativa pressão, à medida que o Fed apertava sua política monetária em 2022. Além disso, várias empresas podem registrar uma deterioração maior dos resultados em 2023.

Jordan Brooks, codiretor de estratégia macro da AQR Capital Management, afirmou que é pouco provável que 2023 seja um ano de juros menores, desinflação e fortes resultados corporativos. Ele acrescentou que esse cenário é extremamente otimista, razão pela qual recomenda uma estratégia de investimento de paridade de risco que foca na alocação em ativos como ações, commodities e títulos.

Outro gestor de fundo, Crispin Odey, compartilha da visão de que as pressões inflacionárias persistirão em 2023. Odey gerou ótimos resultados em 2022 operando vendido em títulos do governo britânico, encerrando o ano com uma alta de cerca de 145%. Por outro lado, Odey reduziu sua posição vendida nos gilts, mas continuou comprado em gilts indexados à inflação. Ele também acredita que as commodities devem subir novamente neste ano, após registrarem uma grande liquidação.

A maioria dos gestores de fundos acredita que as estratégias de investimento long-short em ações continuarão tendo baixo desempenho em 2023, ao passo que abordagens macro tendem a se beneficiar da volatilidade.

O diretor global da Blackstone Alternative Asset Management, Joe Dowling, disse que esse é o “ambiente perfeito para fundos hedge macro”, na medida em que a divergência entre as políticas dos bancos centrais, os diferenciais de juros e as tensões geopolíticas criam muitas oportunidades para investidores focados em explorar a volatilidade.

Kevin Lyons, diretor de soluções do fundo de hedge da Abrdn, espera uma leve recessão global no próximo ano e acredita que as empresas com fortes balanços devem “apresentar um spread mais amplo do que há três anos”.

Resumo

Os fundos de hedge registraram os piores retornos desde a Crise Financeira Global no ano passado, diante do agressivo aperto monetário implementado pelo Federal Reserve, a fim de combater a inflação, resultando em um ano extremamente desafiador para os investidores. Os gestores financeiros estão agora se preparando para mais um ano desafiador, após o Fed se comprometer a continuar agressivo, até que os dados de inflação passem a convergir para a sua meta.

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Shane Neagle é responsável pelo The Tokenist. Confira a newsletter gratuita do The Tokenist, Five Minute Finance, para ter uma análise semanal das maiores tendências em finanças e tecnologia.

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