Dia de arrumação
Tarde agitada a de ontem, não? Passada a euforia inicial, dia é predominantemente de arrumação.
Mercado americano opera no zero-a-zero na sessão de hoje. Investidores refletem sobre a decisão do FOMC e sobre a recém-divulgada proposta de orçamento de Trump para 2018.
Já na Europa, prévias dos resultados da eleição holandesa dão conta da vitória da situação e trazem alívio ao Velho Continente, cujos mercados operam predominantemente no azul
Por aqui, dia é de leve baixa. Ponta negativa é reservada predominantemente a commodities metálicas. Entre ganhadoras, nomes locais e celulose. Juros, após virada fenomenal no intraday de ontem, operam estáveis. Dólar se valoriza.
Mansuetude habitual
Yellen & Cia parecem ter conseguido se manter imunes à coqueluche desencadeada por Trump nos mercados: FOMC optou pelo gradualismo e mansuetude que, em condições normais, esperar-se-ia de sua chairwoman.
Reação foi de euforia nos mercados. A propósito, já se vão 106 sessões consecutivas ao longo das quais nem Dow Jones nem S&P500 vêem fechamentos com quedas iguais ou superiores a 1 ponto percentual — maior série em 22 anos. Haja resiliência; haja otimismo com… o que mesmo?
No front europeu, a não-vitória dos eurocéticos nas eleições parlamentares européias é vista como alívio. Menos um rastilho; o próximo, salvo melhor juizo, já é França.
Arte da guerra
Quando fraco, faça-se de forte; quando forte, faça-se de fraco: arrisco-me a dizer que não há um único gabinete do Congresso Nacional onde não haja uma cópia do clássico A Arte da Guerra de Sun Tzu.
Bem disse Jucá ontem: é guerra. E eles, acuados pela proximidade da lâmina de seus respectivos pescoços, travam as negociatas imorais de costume visando salvar a própria pele: enquanto olhávamos para o exterior, tentaram ressuscitar a reforma política que só a eles convém.
Enquanto isso, segue difícil a vida do governo em torno da Reforma da Previdência, que segue recebendo uma verdadeira enxurrada de emendas que visam esvaziá-la. A mais recente investida do Executivo pelo seu avanço conforme proposto não parece estar rendendo os resultados esperados. Terão de negociar, e é melhor que o façam bem.
Em paralelo, Meirelles acena com contingenciamentos para respeitar o orçamento de 2017. Melhor prevenir do que remediar.
Acompanhemos com cuidado isto aqui.
O que fazer com o FGTS?
Francamente, acho que só vou acreditar que a liberação do saque do FGTS é pra valer quando ver o meu pingar na minha conta. É um verdadeiro milagre ver recursos usualmente tão maltratados sendo destinados às mãos de seus donos.
Diante da deliciosa liberdade de poder deles dispor da maneira que quiser, muitos leitores nos escreveram nas últimas semanas pedindo sugestões de investimento.
Primeiramente, parabéns: sinal de que, ao contrário de boa parte da população, vocês estão com as contas em dia. Só por isso, já estão muito à frente da média.
A resposta veio a galope. O Felipe tem uma idéia que quer compartilhar com você.
Debate de idéias
Sobre os protestos de ontem, mais interessantes que os próprios é o fenômeno que lhes é subjacente: a cobertura da imprensa. Lá foram os isentões de sempre tirar a bandeira vermelha do fundo do armário: “milhares de brasileiros foram as ruas”; “a população pede ‘Fora Temer’ e ‘Diretas Já’”.
Conto-lhes um segredo: “a população” estava, ontem, majoritariamente trabalhando. No mundo real, o que se viu foi o habitual festival de balonismo da CUT e o uso das reformas como pretexto para as pautas de sempre.
(A propósito, já que falou-se em “Diretas Já”, pergunto: por onde anda a Profetisa da “Nova Política”?)
Os que relatam “milhares de brasileiros nas ruas” são os mesmos que só deram o braço a torcer para os protestos pelo impeachment quando não havia mais como disfarçar.
Mas não se esqueça: “jornalismo de qualidade precisa de recursos”.