Em 2024, o ouro continua sendo um ativo essencial para uma carteira de investimentos, principalmente devido ao cenário macroeconômico global marcado por incertezas. Com tensões geopolíticas, inflação elevada em muitas economias e a volatilidade nos mercados financeiros, o ouro mantém seu status como um ativo de refúgio seguro. Ele historicamente serve como proteção contra a desvalorização das moedas e crises econômicas.
Além disso, o ouro é um hedge contra a inflação. Com a persistência da inflação em níveis altos, muitos investidores buscam o ouro como uma maneira de preservar o poder de compra, já que seu valor tende a subir em períodos de pressão inflacionária. Em 2024, com bancos centrais globais ajustando suas políticas monetárias e incertezas sobre o crescimento econômico, a inclusão de ouro em uma carteira de investimentos oferece diversificação e estabilidade.
O ouro também é visto como uma proteção contra riscos geopolíticos. Conflitos e tensões entre grandes economias e crises regionais aumentam a busca por ativos de segurança, e o ouro, por sua liquidez e aceitação global, destaca-se nesse papel. Por esses motivos, manter uma posição em ouro ou em ações de empresas mineradoras de ouro pode ser uma estratégia prudente para balancear riscos e garantir maior resiliência em um portfólio de longo prazo.
Sobre a empresa
A Aura Minerals (BVMF:AURA33) é uma empresa canadense que atua em diversos países na área de mineração, focada principalmente na extração de ouro e cobre. Seu portfólio está direcionado ao desenvolvimento e operação de projetos de médio porte nas Américas. No Brasil, suas ações são negociadas na forma de BDR (Brazilian Depositary Receipts), sob o ticker AURA33.
Ao analisar a composição da produção mineral da Aura, verifica-se que aproximadamente 80% são derivados do ouro. Isso faz com que a performance da empresa tenha uma forte correlação com as oscilações do preço internacional do ouro, medido por referências como o GOLD (índice de ouro no mercado global). Essa dependência reflete diretamente nas cotações de suas ações.
Gráfico 1: (O gráfico o ativo dentro de um canal de alta no gráfico diário).
Na imagem acima, temos o gráfico em linha de AURA33 em bordô e o GOLD (preço do ouro) em azul, e nota-se que ambos seguem movimentações muito semelhantes. Ambos os ativos continuam em uma trajetória de alta, refletindo uma correlação forte entre o desempenho da Aura Minerals e o preço do ouro.
Ao realizar uma análise técnica de longo prazo, observando o gráfico semanal de AURA33, é possível identificar uma tendência de alta. Essa movimentação ascendente forma uma figura técnica conhecida como "canal de alta", como ilustrado na imagem abaixo. Esse padrão gráfico indica uma estrutura de preços em elevação, com suporte e resistência definidos, sugerindo a possibilidade de continuidade da valorização no futuro.
Gráfico 02: (O gráfico o ativo dentro de um canal de alta).
Na figura acima, notamos que, nas últimas semanas, AURA33 manteve sua movimentação de alta, respeitando o canal de alta de longo prazo. Esse comportamento reforça a continuidade dessa tendência de valorização. Além disso, a AURA33 formou um pivô de alta no longo prazo, o que é um sinal técnico relevante, indicando uma possível nova onda de alta.
Oportunidade ou risco?
Quando analisamos a AURA33 como uma oportunidade de investimento no curto ou médio prazo, é importante destacar que o pivô de alta dentro de um canal de alta sugere, pela análise técnica, uma boa oportunidade de entrada. Isso é especialmente válido para investidores que buscam valorização no curto a médio prazo. A formação desse pivô implica a confirmação de uma nova fase de elevação nos preços, com potencial de ganhos substanciais se o cenário favorável se mantiver.
Por outro lado, é fundamental lembrar que, embora o cenário técnico seja promissor, riscos sempre existem, principalmente devido à dependência do ativo com o preço do ouro e a volatilidade desse mercado.
Gráfico 03: (AURA33 dentro do canal com uma projeção de Fibonacci).
Ao analisarmos a imagem acima, observamos que a AURA33 segue dentro de seu canal de alta, com uma projeção de Fibonacci aplicada. Essa ferramenta, amplamente utilizada para prever possíveis movimentos futuros de ativos, aponta para um grande potencial de valorização. O alvo projetado está em R$ 33,21, o que representaria uma valorização de 44% em relação ao preço atual de R$ 22,90.
Quando comparamos com o GOLD, realizando uma análise semelhante, o potencial de ganho estimado é de cerca de 10% nas próximas semanas ou meses. Essa diferença reflete o maior otimismo em relação à AURA33, especialmente com a projeção de crescimento dos seus projetos de mineração e a alta correlação com o preço do ouro.
Para um investimento de longo prazo, no entanto, é essencial considerar diversos aspectos além da análise técnica. A XP Investimentos (BVMF:XPBR31), por exemplo, recomenda a compra de AURA33, com um preço-alvo de R$ 48,00 para 2024. A XP também destaca que, se os novos projetos da empresa, como as minas de Almas e Borborema, forem totalmente implementados, o preço-alvo pode subir para R$ 60,00 até 2025. Além disso, as tensões geopolíticas são vistas como um fator que pode continuar impulsionando o preço do ouro, o que beneficia diretamente a Aura.
Por outro lado, há desafios no curto prazo. A empresa enfrentou um aumento de custos em comparação ao ano passado e uma queda significativa em seu lucro líquido. Alguns indicadores fundamentalistas, como ROA, LPA, P/L e ROE, estão negativos, gerando preocupações sobre a saúde financeira da empresa. No entanto, a AURA33 manteve um pagamento de dividendos de 4,62% nos últimos 12 meses, o que está dentro da expectativa em comparação aos dois anos anteriores, mostrando consistência nesse aspecto.
A decisão de investir dependerá do perfil de risco do investidor, que deve equilibrar o potencial de crescimento a médio/longo prazo com as atuais dificuldades financeiras da empresa.
E agora, o que fazer?
Acredito que a AURA33 seja uma oportunidade interessante, mas com um certo nível de risco. Pensando nela como uma grande empresa que paga 4,62% de dividendos ao ano e está altamente correlacionada ao ouro, há um aspecto positivo. O movimento recente no preço da ação parece estar mais ligado à valorização do ouro do que aos resultados operacionais dos últimos 12 meses, o que pode ser atrativo para alguns investidores.
No entanto, se considerarmos que o principal motivo para a alta de AURA33 é o preço do ouro e que os resultados operacionais da empresa estão fracos, há um risco de que, se essa situação continuar, a empresa possa reduzir ou até interromper o pagamento de dividendos no futuro. Além disso, uma possível correção no preço do ouro poderia levar o mercado a perceber as fragilidades operacionais da AURA, o que resultaria em uma queda acentuada no preço das ações.
A questão é: pensando em uma carteira defensiva, seria mais vantajoso investir em GOLD ou em AURA33? Sob a ótica dos riscos, AURA33 apresenta mais volatilidade e incertezas. No entanto, enquanto o GOLD proporciona retorno apenas pela variação positiva do preço do ouro, com AURA33 você teria o benefício da valorização das ações e o pagamento de dividendos de 4,62% ao ano. Isso torna a AURA potencialmente mais atrativa.
Ainda, se considerarmos que a AURA33 está passando por um período de desempenho operacional fraco, mas que em 2025 a empresa pode voltar a se destacar, poderíamos ver uma valorização maior no preço das ações. E quem sabe, os dividendos poderiam voltar a níveis semelhantes aos de 2021, quando foram de 14,57% ao ano. Isso sugere que a empresa pode estar sendo negociada com um desconto no momento, o que pode representar uma oportunidade. Imagine, no futuro, uma AURA33 atrelada ao ouro, defensiva e pagando dividendos de 8%, 9% ou até 10% ao ano.
Essa possível combinação de valorização e pagamento de dividendos faz da AURA33 uma aposta interessante para quem está disposto a aceitar maiores riscos em busca de maiores retornos.