Austrália e Brasil disputam mercado de sebo na Ásia

Publicado 15.10.2025, 14:00

Exportadores de gorduras animais no Brasil querem ampliar as vendas para a Ásia, em meio à expectativa de queda das exportações para os Estados Unidos, mas buscam formas de driblar a competição com a Austrália, onde a demanda interna menor e a proximidade logística favorecem o país na disputa por esse mercado.

Embora a relação com compradores da região seja um plano de longo prazo para vendedores brasileiros, participantes já se movimentam para estabelecer relações com possíveis compradores.

A expectativa é de maior demanda por biocombustíveis na região, que vive um momento de intensificação dos esforços de descarbonização em diferentes países. O Japão, por exemplo, prevê uma redução de 60pc das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) até 2035 e já firmou um acordo com o Brasil para autorizar a importação de sebo bovino brasileiro.

Cingapura, um dos principais compradores de sebo bovino da Austrália, também assinou um acordo autorizando a importação de gordura animal do Brasil. Apesar do aceno, o atual cenário de arbitragem está fechado.

A Ásia abriga três dos cinco maiores produtores de biocombustíveis do planeta: Indonésia, China e Índia, segundo dados da agência alemã Statista de 2024.

Na Austrália, o indicador diário de sebo bovino sem impostos chegou a negociar a $980/t em 30 de setembro, abaixo da cotação do óleo de cozinha usado (UCO, na sigla em inglês) chinês sem impostos, que chegou a $1.100/t no mesmo dia. Para efeito de comparação, o indicador semanal de sebo sem impostos em base fob Mato Grosso era cotado a $1.130/t em 3 de outubro.

Exportações em queda

A proposta da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) para a seção 45Z do Ato de Redução da Inflação dos EUA, prevê cortar pela metade os créditos de descarbonização gerados para biocombustíveis estrangeiros e biocombustíveis produzidos a partir de insumos estrangeiros.

Produtores de biocombustíveis dos EUA devem priorizar matérias-primas originadas no país, com destaque para os óleos vegetais, que tendem a se tornar mais competitivos em comparação com os resíduos importados, apesar da pegada de carbono mais alta.

A mudança já trouxe impacto aos preços do sebo bovino na Austrália, onde a demanda interna é pequena e o mercado é mais dependente da exportação. O indicador Argus de sebo bovino sem impostos vendido na costa leste da Austrália recuou 21pc entre 12 de agosto e 30 de setembro de 2025, período no qual a demanda norte-americana começou a arrefecer.

No Brasil, a queda na demanda para exportação foi ainda mais rápida, com embarques recuando 57,5pc em setembro na comparação mensal, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A redução reflete a tarifa de 50pc sobre todas as importações de produtos brasileiros nos Estados Unidos. Para outubro, a expectativa é de um volume de embarques ainda menor. 

Apesar da queda das exportações, os preços no Brasil foram sustentados pela demanda interna das indústrias de biodiesel, higiene e limpeza e alimentação animal. 

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