Depois de registrarem, de janeiro a junho de 2023, o segundo melhor desempenho da história para um primeiro semestre, as exportações brasileiras de carne bovina iniciaram a segunda metade do ano enfraquecidas. E esse cenário foi verificado mesmo diante da queda nos preços da carne para exportação – em julho, o valor médio pago pela tonelada da proteína foi o menor desde março de 2021. De acordo com dados da Secex, em julho, o preço pago pela carne exportada pelo Brasil foi de US$ 4.740,31/tonelada, queda de 6,21% frente ao de junho/23 e expressivos 27,62% inferior ao de julho/22 – ou seja, em um ano, a carne bovina exportada se desvalorizou mais de um quarto. E, com a recente desvalorização do dólar frente ao Real, o valor recebido pelo exportador nacional caiu ainda com mais força. Em julho, a média da carne bovina em moeda nacional foi de R$ 22,7 mil/tonelada, 7% inferior à de junho/23 e significativos 35,3% abaixo da de julho/22.
internacional, o volume embarcado pelo Brasil recuou em julho. De acordo com dados da Secex, a quantidade de proteína exportada somou 160,80 mil toneladas em julho, 16,57% a menos que em junho/23 e 3,88% inferior à de julho/22. Trata-se, também, do menor volume escoado pelo País para um mês de julho desde 2019, quando 129,09 mil toneladas foram exportadas. As quedas no preço, no volume e também do Real frente ao dólar resultaram em importante redução na receita em moeda nacional. Em julho, exportadores nacionais receberam R$ 3,658 bilhões, 22,4% a menos que em junho/23 e quase 40% inferior ao montante de julho/22, ainda conforme dados da Secex. Os números mais negativos no âmbito internacional são justificados pelo momento atual da economia mundial, com inflação em alta, taxa de juros em elevação e aumento da produção de alimentos em alguns países. Esse contexto somado à maior oferta de animais prontos para o abate no mercado doméstico pressionaram os valores do boi gordo no spot nacional. Em julho, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 recuou 4,07%, encerrando o mês a R$ 243,85. Ainda assim, a média mensal foi de R$ 250,81, sendo 0,81% acima da de junho/23, porém, fortes 22,7% abaixo da de julho/22, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
CUSTOS DE PRODUÇÃO – Os custos de produção da pecuária de corte dos sistemas de cria e de recria engorda recuaram no balanço do primeiro semestre de 2023, de acordo com pesquisas realizadas pelo Cepea em parceria com a CNA. O principal motivo para esse resultado está atrelado ao movimento de queda nos preços de insumos para suplementação e dieta do rebanho. Esse cenário traz certo alívio aos pecuaristas, sobretudo diante da queda nos valores de negociação da arroba do boi gordo ao longo deste ano. No caso do sistema de cria, cálculos do Cepea/CNA mostram que o COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária de corte caiu 3% de dezembro/22 para junho/23, considerando-se a “média Brasil” (que engloba os estados do Acre, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins). Dentre os grupos de insumos que mais influenciaram a queda dos custos do sistema de cria no primeiro semestre, o destaque foi a redução no preço de suplementos minerais, que representaram, em junho/23, pouco mais de 30% do COE do sistema. Na primeira metade de 2023, esse item acumulou queda de 11% na “média Brasil”. Quanto ao sistema de recria e engorda, o COE recuou ainda mais no primeiro semestre de 2023, com baixa de 10%, na “média Brasil”. Neste caso, a pressão veio da desvalorização dos animais de reposição, de 14% na primeira metade deste ano.