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Bom Dia, Vietnã

Publicado 09.11.2018, 11:37
Atualizado 14.05.2017, 07:45

É interessante. Antes de tudo isso acontecer, eu estava apenas pensando na linha de chegada. Como seria terminar, como eu faria minha saída. Mas eu não penso mais nisso. Agora, eu penso apenas em jogar. Pelo tempo que eu puder. Com a maior dedicação que eu puder. Até que eles consigam derrubar a rede. Até que eles queimem minhas raquetes. Até que eles me parem. E eu quero vê-los tentar.”

Maria Sharapova – Unstoppable

Os três leitores desta newsletter – aumentamos o público em 50 por cento nas últimas semanas – possivelmente se lembram da minha luta obcecada pela total liberdade editorial da Empiricus. Por decisão própria, renunciei a meu CNPI e rasguei a multa enviada pela Apimec por suposta atividade irregular de análise de valores imobiliários.

Faço questão de pessoalmente atualizar o leitor sobre o tema. Eu tenho um compromisso com essas três pessoas.

O juiz federal José Carlos Motta, da 19ª Vara Cível Federal de São Paulo, acaba de escrever assim: “ na qualidade de empresa que exerce a atividade de imprensa, a autora (Empiricus) encontra-se amparada pelo mencionado comando constitucional, que prestigia de modo incontrastável a liberdade de expressão e comunicação. Assim, as regras infralegais editadas pela CVM destinadas a impor restrições aos editores e publicadores de conteúdo voltado ao mercado financeiro revelam-se inconstitucionais, por configurarem censura prévia à liberdade de expressão. (…) Por conseguinte, entendo plausível a suspensão de aplicação de multas em face da autora.”

A primeira coisa que gostaria de dizer é que respeito e admiro muito o trabalho da CVM, verdadeiramente. Da nossa parte, sempre procuramos, com humildade, respeito e admiração, manter o canal aberto para comunicação – assim continuaremos.

Não replico o texto com nenhuma intenção de tripudiar ou gozar do tema. Faço-o apenas por respeito a meu assinante – ele é meu único senhor e em nenhum momento tergiversei de minha vassalagem, tampouco pretendo fazê-lo enquanto ainda tiver forças para redigir estas linhas.

Estou feliz não por uma suposta vitória. Nem por ter, nessa primeira decisão, “provado meu ponto”. Há muito tempo desisti de estar certo, querer ganhar discussões. Estou velho demais para ter razão.

Meu entusiasmo se dá apenas por poder continuar, sem qualquer cerceamento, atendendo à minha vocação, no estilo e na forma que bem entender.

O estilo é o homem. Se me tiram isso, perco minha própria identidade, que, no fundo, é a única coisa alheia à questão profissional que importa hoje ao lado da minha mãe e do meu filho.

Acredito no mito de Er, narrado por Platão no livro A República, e em sinais que a vida vai mandando com o passar do tempo. Meu daimon – ou minha alma – voltou do Hades obcecado(a) por tentar fazer a pessoa física no Brasil ganhar dinheiro. Se eu vou conseguir ou não, sinceramente não sei, mas vou continuar tentando. Ainda que erre, erre e erre, lá estarei, obstinado por tentar de novo. Até que eu mesmo não consiga mais ou que eles me parem – enquanto isso, quero, com orgulho, assisti-los tentando.

Voltando à Sharapova, “a derrota e o erro podem realmente fazê-lo melhor. Você se torna um sobrevivente. Você percebe que perder não é o fim do mundo. Você aprende que os grandes jogadores não são aqueles que não vão à lona – todos sofrem um nocaute cedo ou tarde. Os grandes jogadores são aqueles que se levantam mais uma vez depois de terem caído. A derrota é o professor de cada campeão”.

Quando você é movido por um propósito genuíno, você apenas segue em frente atrás daquela paixão, incondicionalmente, ainda que não haja qualquer reciprocidade ou mesmo desdém de volta. “Don't think. Just don’t stop”, recomenda Phil Knight.

É, como sugere o etimológico, uma patologia, algo além do razoável. Não é razoável o que Merry Clayton faz em “Gimme Shelter”, dos Stones. Ou o que Jimmy Hendrix faz em “All Along The Watchtower”. Shakespeare, Beethoven, Mozart, todos eles. Aquilo não é um dom apenas – é doentio. E, não, não estou me comparando. Apenas digo que as relações das pessoas com suas verdadeiras vocações transcendem a racionalidade estrita. Curiosamente, ontem fui descobrir que já há fundos de venture capital olhando para as techs atrás somente de uma coisa: o perfil do fundador e das pessoas que o cercam. Não é mais valuation, growth, setor. Nada disso. O cara olha apenas se há uma visão de mundo, se tem um psicopata (no bom sentido) por trás, se existe obstinação, obsessão.

Amigo meu conta que um dos maiores gestores brasileiros ouviu o maior elogio já proferido por George Soros: “You are like me, A. You are an animal of the markets” (Você é como eu, A. Você é um animal dos mercados). Perceba que ele fala “um animal dos mercados.” Não é “um homem dos mercados”.

Os homens do mercado financeiro são outra coisa. Eles estão em suas salas fechadas com ar condicionado, frigobar, tapetes caros e quadros de pintores famosos, sem nenhum contato com a rua. São burocratas e executivos, cujas peles não estão em jogo. Robert Rubin quebrou o Citibank, saiu com um bônus de 100 milhões de dólares e transferiu a conta para o pagador de impostos norte-americano.

É essa turma que hoje escreve sugestões de investimento para seus clientes. Se dá certo ou errado, pouco lhes importa. Continuarão pegando seus gordos holerites ao final do mês, sem prestar contas.

É essa turma que errou fragorosamente todas as indicações de alocação para este ano, que emite sugestões de mudança de posicionamento mensal, como se pudéssemos tradar pontos de entrada e saída com precisão em cada classe de ativos.

É essa turma que mandou você montar posições defensivas, ficar no pós-fixado às vésperas de eleição, perdendo todo o rali eleitoral das estatais, da Bolsa em geral e do juro longo.

É essa turma que veio agora sugerir um aumento do risco da carteira para o mês de novembro, quando as coisas, ao menos até aqui, caminham bastante mal.

Como todas essas coisas se ligam?

As últimas semanas têm sido especialmente difíceis para os mercados. E é bem possível que o curtíssimo prazo continue assim. Duas coisas imediatas: i) num cenário desse, os burocratas não têm a menor condição de auxiliá-lo e fazê-lo atravessar a tormenta; e ii) é hora de entender-se como um animal de mercado, perceber as tentações e dificuldades que ele vai lhe impor, sacudindo a árvore para fazer os macacos de mão mais fraca caírem.

Numa aplicação darwinista, os mais adaptados ao ambiente sobreviverão à tempestade e chegarão ao outro lado da travessia em condições muito melhores.

Há várias preocupações instantâneas. O Fed, o banco central americano, adotou um tom mais duro em sua comunicação ontem, ao elogiar bastante o vigor da economia dos EUA e não citar a recente queda de Wall Street como potencial fonte de preocupação. Aos poucos, vai se desenhando um cenário de taxas de juro de mercado de 4 por cento e isso assusta a perspectiva de fluxo de recursos para países emergentes. Yield do Treasury de dez anos bateu 3,23 por cento ontem, o maior patamar desde maio de 2011.

Em paralelo, petróleo acaba de entrar em bear market (queda de 20 por cento desde o último pico), no que costuma ser mau sinal para países emergentes (e para as ações da Petrobras (SA:PETR4)).

Da China também vieram notícias ruins nessa noite. As ações do setor financeiro caíram destacadamente, com notícias de cotas de crédito para bancos. Preços de grãos aquém do esperado, vendas de carros mais fracas e receita ruim de uma importante companhia de turismo também afetaram o humor das Bolsas asiáticas.

Em termos técnicos, a Bolsa brasileira teve seu maior descolamento do MSCI em toda a série histórica do índice, o que pode forçar um ajuste de curto prazo.

Então, o que vamos fazer? Reduzir drasticamente a posição em ativos de risco?

Na verdade, não. O case estrutural continua o mesmo. E somente a ele conseguimos nos apegar. Uma coisa é saber da possibilidade de perdas marcadas a mercado no curtíssimo prazo. Outra coisa é ficar tentando tradar isso. De repente, o mercado volta 20 por cento na sua cabeça e você simplesmente perdeu aquilo. Não pega nunca mais. Amarre-se ao mastro e deixe a tempestade passar.

No pânico, não tem muita diferenciação. Ela acontece no pós-pânico. Assim que passar o clima mais pesado lá fora e os ajustes técnicos de curto prazo passarem, tudo se encaixa e voltamos à trajetória do bull market secular.

Os fundos de pensão e os gringos ainda não vieram para a Bolsa – os locais até estão com visão construtiva para ações brasileiras, mas, basicamente, já fizeram o ano e é muito provável que promovam grandes mudanças de alocação somente em janeiro; gringo passou anos sem nem querer ouvir falar de Brasil, só agora que voltou a estudar e a ouvir construtivamente. Lado bom que é Bolsa ainda é muito “underowned” e quando o fluxo vier a porrada vai ser muito maior do que o consenso supõe. Perceba também como os verdadeiros animais de mercado já começam a comprar Bolsa agressivamente – leia a carta da Verde de ontem.

A vocação dos animais de mercado é ganhar dinheiro. Não há outra. Você pode fazer companhia a essa turma.

Mercados brasileiros abrem a sexta-feira dando continuidade ao pessimismo dos dias anteriores, pressionados pela preocupação com um Fed um pouco mais agressivo e com as más notícias vindas da Ásia, conforme narrado acima.

Agenda doméstica traz prévia do IGP-M e dados regionais da produção industrial. Nos EUA, temos PPI de outubro e Michigan Sentiment.

Ibovespa Futuro abre em baixa de 0,6 por cento, dólar e juros futuros sobem.

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