Brasília (DF), 29 de junho de 2017.
Apontamentos do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn
Coletiva de Imprensa para Divulgação da Meta para a Inflação Estabelecida pelo CMN
Como vocês já sabem, o Decreto nº 9.083 estendeu para dois anos e meio o horizonte de fixação da meta para a inflação e seu intervalo de tolerância.
Conforme o Decreto, esse novo horizonte será utilizado não somente neste ano, mas sim para todos os anos à frente.
Neste ano de transição da regra, definimos as metas para dois períodos, 2019 e 2020.
Em junho de 2018, já na nova regra, o CMN definirá a meta para apenas um ano, no caso, para 2021, sem a previsão de se rever as meta para 2019 ou 2020, estabelecidas hoje.
Esse aperfeiçoamento é uma mudança estrutural. O regime de metas de inflação tem 18 anos, já atravessou várias fases e ciclos, está maduro para essa mudança.
A mudança para definição num horizonte mais longo deixa ainda mais separada a definição da meta de inflação, que baliza as expectativas de inflação no médio e longo prazo, e a condução de curto prazo da política monetária. Não é desejável que a definição da meta influencie a taxa de juros de curto prazo, ao mesmo tempo em que não é desejável que a meta seja definida em função de eventos transitórios ou do próprio ciclo de política monetária.
Com esse aperfeiçoamento, há algumas consequências importantes. Primeiro, com horizonte mais longo a política econômica poderá balizar as expectativas de inflação para prazos mais longos, o que reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo, com claros benefícios para a sociedade.
Segundo, com expectativas de inflação mais longas ancoradas em patamares mais baixos a economia pode almejar de forma sustentável juros de longo prazo mais baixos.
Terceiro, com expectativas de inflação mais longas ancoradas, a política monetária pode acomodar mais facilmente choques de curto prazo promovendo mais estabilidade. A política monetária pode se concentrar apenas nos efeitos secundários dos choques sem reagir aos choques de curto prazo.
A experiência internacional mostra que a maioria dos países tem metas em horizontes até mais longos que dois anos e meio.
A política econômica tem hoje as condições de inflação necessárias, a transparecia necessária, e a credibilidade necessária para se comprometer com metas de inflação de mais longo prazo.
O momento é propício para essa mudança, visto que o redirecionamento da política econômica, a adoção de reformas e ajustes e a condução da política monetária permitiram reancorar as expectativas de inflação.
As expectativas do Focus apontam para inflação em torno de 4,25% para horizontes mais longos, o que representa uma oportunidade para fixar a meta para a inflação de 2019 e de 2020 em valores inferiores ao estabelecido para 2018.
Passados 18 anos da implantação do regime de metas, a fixação das metas para a inflação em 4,25% para 2019 e em 4,0% para 2020 é um passo importante para se caminhar para taxas de inflação mais baixas de uma forma gradual e consistente, para minimizar riscos e ser sustentável ao longo do tempo.