Apesar de a colheita de café ter sido iniciada no Brasil – cenário que, geralmente, acaba pressionando os valores de negociação –, o mercado doméstico tem apresentado reação nos preços. Segundo pesquisadores do Cepea, a influência vem do contexto internacional, em especial das condições produtivas do Vietnã. Pesquisadores do Cepea indicam que o país asiático, que é o maior produtor mundial de robusta, tem atravessado um período de clima seco, e isso deve resultar em importantes consequências para a colheita local. E a possibilidade de a disponibilidade total de café ao fim da safra 2024/25 ficar aquém do necessário, por sua vez, tem elevado os preços do café brasileiro. No Brasil, o clima tem ajudado no andamento da colheita, que ainda está ganhando ritmo – levantamento do Cepea mostra que, até o momento, o total colhido equivale a menos de 20% da produção esperada. Tanto para o arábica quanto para o robusta, os relatos de grãos mais miúdos e com problemas de formação têm sido muito frequentes, mas essas condições podem melhorar conforme a colheita avançar.
ARROZ: PREÇOS SEGUEM FIRMES, MAS LIQUIDEZ DIMINUI
O Rio Grande do Sul continua enfrentando um cenário desafiador. Levantamento do Cepea mostra que, no início da semana passada, as condições climáticas favoráveis permitiram a continuidade da colheita do cereal – que havia sido interrompida pelas fortes chuvas –, e novos players voltaram a negociar. Esse cenário resultou em reações mais intensas nos preços naquele período. Contudo, a partir da quarta-feira, 22, o estado foi atingido novamente por fortes chuvas e rajadas de vento, o que dificultou a logística de escoamento e deixou agentes mais receosos. Segundo pesquisadores do Cepea, as precipitações impediram o carregamento da matéria-prima comercializada em semanas anteriores, adiando novas negociações. Dificuldades para emitir notas fiscais também influenciam a menor liquidez. Além disso, o cancelamento do leilão de compra por parte da Conab e toda a polêmica gerada com a intervenção do governo reforçaram o menor ritmo de negócios. O governo zerou a TEC (Tarifa Externa Comum) para importação de arroz de fora do Mercosul até final de 2024. Essas ocorrências atípicas têm deixado muitos colaboradores consultados pelo Cepea receosos sobre o futuro do mercado do arroz em casca.
ALGODÃO: ALTA EXTERNA SUSTENTA VALORES NO BRASIL
Os bons registros de exportações de algodão norte-americanas neste mês de maio evidenciam que o mercado externo está demandando mais pluma. Os preços físicos no Extremo Oriente deram um salto, alavancando os valores do algodão na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Diante disso, no Brasil, levantamento do Cepea indica que as cotações tiveram suporte da maior paridade de exportação, mas o avanço da colheita da temporada 2023/24, que deve registrar boa produção, limitou as altas domésticas. De acordo com pesquisadores do Cepea, a recuperação nos preços internacionais estimulou também a realização de novos contratos a termo, tanto a valores fixos como a fixar posteriormente.