Os últimos acontecimentos irão deixar marcas nas 3-4 gerações e em “breve” farão parte das conversas nas mesas dos almoços de domingo entre os “avós, pais, filhos e netos”!
“Lembram do maluco do Trump? Criou uma crise financeira em abril de 2025 “trucando” o mundo com o aumento das tarifas de importação de todo o mundo! E só a China não se curvou ao “imperialismo norte-americano...”
Pois é! Os EUA começaram aumentando as tarifas contra a China em 20%, depois mais 34%, depois mais 50%, e finalmente chegaram nos incríveis 145%! Os chineses não se intimidaram e elevaram as tarifas contra os EUA para 125%! E tudo isso em apenas 5 dias!
Os mercados globais “derreteram” com uma destruição de valor estimado acima dos 10 trilhões de US$!
Com todo esse maremoto/terremoto/dilúvio/tsunami o mercado do café também não aguentou! Nos últimos 15 dias o Maio-25 – que negociou @ 393,70 centavos de dólar por libra-peso no dia 02 de abril - despencou até os 325,20 centavos de dólar por libra-peso – no dia 09 de abril - para em seguida tentar uma recuperação em “V”, encerrando a semana @ 357,70 centavos de dólar por libra-peso!
Entre os 393,70 até os 325,20 centavos de dólar por libra-peso “alguém perdeu / alguém ganhou” aproximadamente 90,60 US$/saca (aproximadamente 525,46 R$/saca)!
E na recuperação durante os últimos 3 dias – saindo dos 325,20 até os 360 centavos de dólar por libra-peso novamente “alguém ganhou / alguém perdeu” aproximadamente 46,03 US$/saca (aproximadamente 266,95 R$/saca)!
Durante esse movimento muito produtor ficou assustado, preocupado, pois viu seu orçamento inicial previsto em vender X sacas por 2.700/2.650 R$/saca “despencar” para 2.300/2.200 R$/saca!
Infelizmente alguns entraram em pânico e realizaram novas vendas durante esse movimento de queda. Felizmente alguns poucos tiveram “coragem” para aguardar e provavelmente irão conseguir voltar a vender acima dos 2.600 R$/saca em breve.
Como sabemos poucos produtores tinham hedge em posição (com a compra da estrutura que venho apresentando há meses – compra de uma estrutura “put-spread*” vendendo uma opção de compra “call*”) e realmente não se preocuparam com toda essa volatilidade do mercado.
O produtor que tinha hedge em posição atravessou essa turbulência tranquilo! Quem tem hedge tem tudo!!
Os fundamentos da “oferta x demanda” ainda não mudaram.
A próxima safra brasileira 25/26 deverá surpreender o “mercado”. Durante o evento da “28 Fenicafé 2025” realizada em Araguari entre os dias 7-9 de abril, durante o painel “Panorama da cafeicultura nacional: Perspectivas das lavouras frente às condições climáticas para as safras 24/25 e 25/25” os consultores engenheiros agrônomos Felipe Santinato, Rodrigo Ticle, Gustavo Rennó, Marcos Dutra, Rogério Chiabal, Ronaldo Viana e Eduardo Mosca relataram dados e fatos relevantes indicando uma quebra real e irreversível na próxima safra 25/26 e com problemas hídricos já para a safra 26/27!
A expectativa dessa “tropa” que roda lavouras diariamente é de uma produção para a safra 25/26 “bem abaixo” da safra 24/25, devendo ficar abaixo entre 48-60 milhões de sacas.
Os analistas Maja Wallengren e eu (Marcelo Moreira) também tivemos o privilegio em participar do evento e nossas estimativas seguem entre 44-46 milhões de sacas (Maja) e entre 48-56 milhões de sacas (a minha estimativa).
Que o Brasil terá uma quebra na sua produção da safra 25/26 já é praticamente uma realidade. As estimativas seguem entre 44-46 milhões (Maja Wallengren) até 66-69 milhões de sacas (algumas consultorias independentes).
Com toda essa guerra das tarifas iniciadas pelos EUA o grande “X” da questão é como a demanda irá se comportar!
Se a recessão global vier junto com uma inflação galopante e possível desemprego nas principais economias do mundo, como será que a demanda, não só do café, mas dos produtos “supérfluos” irão se comportar?
Com base na projeção do consumo mundial do café pela OIC o consumo mundial vinha crescendo ao redor dos 2% ao ano. Esse aumento representa aproximadamente +3,40 milhões de sacas / ano.
Se o mundo entrar em recessão e a demanda estagnar durante os próximos 2 anos então a demanda deixara de consumir 6,80 milhões de sacas (em 2 anos);
Se a demanda global vier a cair -2% ao ano durante os próximos 2 anos, então a demanda deixara de consumir 13,40 milhões de sacas durante os próximos 2 anos.
E nesse caso então, os estoques de passagem no final do biênio 25/26-26/27 encerrará com um “estoque de passagem” novamente acima dos 30% - com um estoque mundial estimado ao redor dos +53 milhões de sacas!
Ora, se isso vier a ocorrer, então os preços poderão vir a sofrer uma forte correção, podendo voltar a negociar abaixo dos 200 centavos de dólar por libra-peso – liquidando para o produtor brasileiro algo ao redor dos 210 US$/saca - Possível? SIM. Provável? Creio que não.
Creio que nos próximos dias/semanas essa briga entre os EUA e China com o “resto do mundo” irá se ajustar. Com isso a demanda deverá seguir crescendo em pelo menos 1% ao ano. Também creio que as tarifas entre os EUA e Vietnam serão rebalanceadas e o “estoque de passagem” só irá equalizar no final do ano safra 28/29.
O Brasil continuará sendo a ÚNICA origem capaz em ter uma recuperação relevante em ajustar a “oferta x demanda” mundial durante os próximos 3-5 anos.
Os fundos + especuladores encerraram a semana com e menor posição “comprada” do ano com aproximadamente +25.000 lotes. Muitos fundos + especuladores colocaram grandes resultados nos livros nas últimas semanas e já devem estar revendo suas estratégias para voltar a “jogar”, a comprar, colocando os preços para “buscar” os 380/400 centavos de dólar por libra-peso. Quem vendeu abaixo dos 330 centavos de dólar por libra-peso já deve estar passando um final de semana “tenso” pois o “mercado” já recuperou 2.500/3.000 pontos entre as mínimas da quarta-feira e a máxima negociada na sexta-feira.
A liquidação dos últimos dias recebeu uma dose extra de “gasolina” pois muitas opções de venda “put*” entre 380-330 centavos de dólar por libra-peso foram acionadas quando o mercado despencou”. Aproximadamente 6.000 lotes foram “estopados” nesse intervalo e muitos que estavam apostando em um “mercado estável / em alta” perderam muito muito dinheiro. As opções venceram na sexta-feira deixando muitos “mortos” pelo caminho...
O próximo vencimento Julho-25 encerrou a semana @ 353,60 centavos de dólar por libra-peso (após negociar na mínima da semana @ 323,90 centavos de dólar por libra-peso) e apresenta agora suportes importantes @ 345 / 346 / 306 centavos de dólar por libra-peso (o piso da Banda de Bollinger dos 50 dias, da média móvel dos 100 dias e da média móvel dos 200 dias) e as próximas resistências @ 359 / 377 / 409 centavos de dólar por libra-peso!
Com base nas palestras da 28 Fenicafé, “conversas” com produtores, consultores da Procafé (Alisson e Alexandre), sigo positivo para os próximos meses/anos com NY negociando entre 350/400 centavos de dólar por libra-peso – DESDE QUE essa briga iniciada pelos EUA chegue em um “acordo de cavalheiros” em breve. Caso contrário 200 centavos de dólar por libra-peso “é logo ali”!
O outono está chegando ao fim e o inverno ainda nem começou!
Quem terá coragem para “trucar” o inverno e apostar em um mercado abaixo dos 300 centavos de dólar por libra-peso durante os próximos 3-10 meses?
Em março-25 o Brasil voltou a surpreender e exportou 3,29 milhões de sacas (segundo dados da Cecafé). Para o mês de abril-25 a projeção segue novamente acima dos 3,30 milhões de sacas! O Brasil, a não quer que ocorra uma “morte súbita” nas exportações durante os meses de maio-junho-25, deverá encerrar a safra 24/25 (período julho-24 / junho-25) surpreendendo e exportando acima dos 45,00 milhões de sacas!
Como sempre venho alertando nosso produtor: PROTEJA-SE!
O “cisne negro*” poderá realizar novos “voos rasantes em breve” deixando muitos “machucados por aí”!
*Lembre-se que o “cisne negro” pode ocorrer tanto levando os preços para cima quanto para baixo!
Boa semana a todos!