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Será que a GE Conseguirá Sobreviver à Atual Crise Econômica?

Publicado 18.06.2020, 12:15
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A crise sanitária global provocou uma tempestade perfeita de riscos de mercado para a General Electric (NYSE:GE). A demanda de seus produtos e serviços despencou. Os papéis da companhia sofreram uma queda de 35% só neste ano, fazendo evaporar praticamente toda a valorização dos últimos 18 meses.

GE Weekly 2017-2020

Um dos grandes obstáculos para a recuperação da GE neste ano está vindo da divisão de aviação, que produz motores a jato para Boeing (NYSE:BA) e a Airbus (OTC:EADSF). Até agora, esse segmento tem gerado fluxos de caixa positivos para o conglomerado industrial sediado em Boston. Como, desde que a crise de saúde forçou os governos ao redor do mundo a colocar seus cidadãos em confinamento e interromper basicamente os deslocamentos, as companhias aéreas cancelaram seus voos, obrigando a GE a colocar em licença remunerada metade dos seus colaboradores que trabalham na unidade de aviação nos EUA e demitir 10% do seu quadro funciona dedicado à fabricação de motores a jato no país.

A forte queda atual das ações da GE, que haviam registrado uma impressionante recuperação em 2019, reflete as preocupações dos investidores com a capacidade da gigante industrial de sobreviver a uma das recessões mais graves do nosso tempo.

Antes da pandemia de covid-19, os analistas em Wall Street se mostravam mais otimistas com a retomada da companhia. O CEO da GE, Larry Culp, vinha reestruturando suas operações e tentando tirar a companhia de uma crise causada pela fraca demanda por seus equipamentos de geração de energia e problemas em sua unidade GE Capital.

A derrocada do valor das suas ações, iniciada em 2017 e que varreu US$ 200 bilhões em patrimônio, forçou a companhia a cortar seu dividendo trimestral a poucos centavos por ação. Para levantar caixa e saldar sua dívida, a GE vendeu ativos e saiu dos segmentos de petróleo e transporte.

Mais dificuldades pela frente

Como as viagens internacionais foram interrompidas em março, os negócios de aviação da GE registraram uma queda de receita de 13% no primeiro trimestre, quando o lucro da divisão despencou 39%.

O balanço do segundo trimestre será o primeiro a apresentar toda a pressão da covid-19. A expectativa é que os resultados financeiros da GE apresentem um declínio sequencial. Stephen Tusa, do JPMorgan, que tem posicionamento neutro para a ação, declarou em nota recente a clientes que o fluxo de caixa livre da GE deve ser consideravelmente negativo neste ano.

“Esse é um resultado pior do que o esperado. Ainda estamos avaliando a gravidade da situação. Todos os mecanismos que a companhia vinha usando em 2019 para respaldar os resultados industriais estão sendo expostos”, declarou Tusa.

A GE também enfrenta uma elevação dos custos com benefícios previdenciários. A queda das taxas de juros está afetando o plano de pensões da companhia, exigindo um investimento adicional de US$ 10 bilhões, se não for maior, de acordo com John Inch, analista da Gordon Haskett. Além disso, o valor da participação de 36,8% que a GE tem na gigante petrolífera Baker Hughes (NYSE:BKR) se deteriorou ainda mais com o enfraquecimento dos preços de energia.

Raio de esperança

Entretanto, em meio a toda essa turbulência, a gerência da companhia ainda vê um raio de esperança. A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus pode acelerar ainda mais os esforços de corte de custos e mudanças culturas que a empresa vem tentando implementar, declarou o CEO Culp em uma entrevista à Bloomberg.

A gerência planejou cortes de custos de mais de US$ 2 bilhões, além de US$ 3 bilhões em preservação de caixa para mitigar o impacto do coronavírus. A empresa também está acelerando as mudanças internas necessárias para permitir sua volta por cima.

Nesta semana, a GE anunciou que o longevo CEO da sua unidade de aviação, David Joyce, estava deixando o cargo e seria substituído por John Slattery, ex-diretor de aviação comercial da fabricante brasileira de aviões Embraer (NYSE:ERJ).

Para reforçar sua posição de caixa, a GE também tem sido ativa em mercados de dívida. O braço financeiro da companhia detém mais de US$ 13,5 bilhões em títulos desde meados de abril. A General Electric também levantou cerca de US$ 20 bilhões através da venda dos seus negócios biofarmacêuticos, um acordo fechado no fim de março.

Através dessas medidas, a GE possui agora caixa e equivalentes de caixa de mais de US$ 47 bilhões, além de uma linha de crédito renovável de US$ 15 bilhões para enfrentar a crise gerada pelo vírus.

Resumo

No ano passado, a GE ficou muito perto de dar a volta por cima graças aos seus esforços de retomada. Infelizmente, a profunda recessão que os EUA e o mundo estão enfrentando está complicando a situação, aumentando as incertezas sobre a GE.

Embora a General Electric aparentemente tenha caixa suficiente para superar esse período, os investidores não devem esperar mais do que a sobrevivência nesse ambiente.

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