Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Carvão atinge nova máxima recorde
- Gás natural recua após se aproximar do pico de fevereiro de 2014
- Os fundamentos do carvão são altistas: pouca oferta e demanda em alta
- Estoques de gás natural estão baixos perto da estação de pico
- Gás natural forma padrão de reversão baixista no dia em que Putin prometeu maior oferta para Europa
Nos primeiros nove meses de 2021, os preços das commodities energéticas dispararam. É difícil acreditar que o petróleo, gás natural e carvão atingiram níveis inimagináveis no primeiro semestre de 2020. A cotação do barril de petróleo na NYMEX afundou em abril de 2020, ficando brevemente abaixo de zero pela primeira vez na história, ao atingir o patamar negativo de US$40. Sem capacidade de armazenamento, quem tinha barris de petróleo em mãos precisava pagar para que outros guardassem o produto.
O barril de tipo Brent tocou seu nível mais baixo deste século, ao despencar até o fundo de US$16. O carvão térmico com entrega em Rotterdam, Holanda, registrou mínima em US$38,45 por tonelada, menor patamar em décadas. Já o gás natural derreteu para US$1,432 por MMBtu, cotação trimestral que não era vista desde 1995.
A cura para os preços baixos na commodities são os próprios preços baixos. Em 2021, o valor da energia disparou. De janeiro a setembro de 2021, as tradicionais commodities energéticas registraram ganhos impressionantes:
- O carvão valorizou-se 216,88% desde o fim de 2020
- O gás natural acumula alta de 131,08% nos últimos nove meses
- O petróleo futuro negociado na NYMEX valorizou-se 54,64%, enquanto o Brent futuro subiu 51,52%, no mesmo período.
O touro continuou dominando o setor de energia, que atingiu preços ainda mais altos nos primeiros dias de outubro, antes de corrigir.
Carvão atinge nova máxima recorde
O carvão é uma palavra proibida no setor de energia, por causa da sua pegada de carbono, que virou alvo de ambientalistas. Enquanto isso, o carvão era o combustível fóssil com melhor desempenho no 3º tri e até agora em 2021.
Fonte: Barchart
O carvão térmico com entrega em Rotterdam, Holanda, alcançou a máxima de US$218,65 por tonelada em setembro. A máxima ficou um pouco abaixo do pico recorde de 2008 a US$224. No início de outubro, o carvão superou a máxima de 2008 como uma faca quente na manteiga, atingindo o nível de US$280. Em 13 de outubro, seu preço ainda estava acima do pico de 2008, após recuar para US$230 por tonelada.
Gás natural recua após se aproximar do pico de fevereiro de 2014
O gás natural futuro pode se comportar como um cavalo psicótico no meio de um incêndio. Desde que seus contratos futuros começaram a ser negociados na NYMEX, em 1990, seu preço saiu de US$1,02 e já atingiu US$15,65 por MMBtu.
Depois de atingir a mínima de US$1,432 por MMBtu no fim de junho de 2020, seu preço não parou de subir até a máxima de 6 de outubro.
Fonte: CQG
O gráfico mostra a alta até a máxima de US$6,466 por MMBtu em 6 de outubro, que ficou a apenas 2,70 centavos de tocar a máxima de fevereiro de 2014 a US$6,493. O gás natural corrigiu desde essa máxima e estava a US$5,59 em 13 de outubro. A commodity energética ainda estava 3,9 vezes acima da mínima de junho de 2020.
Os fundamentos do carvão são altistas: pouca oferta e demanda em alta
O carvão está experimentando uma tempestade de alta quase perfeita. No lado da demanda, a China e a Índia, países mais populosos do planeta, continuam dependendo do produto para gerar energia. O carvão é o ingrediente primária na geração de eletricidade em partes do mundo que abrigam 2,8 bilhões de pessoas e mais de um terço da população global.
Pelo lado da oferta, o enfrentamento da mudança climática fez com que muitas mineradoras abandonassem a produção de carvão, provocando sua escassez. A elevação dos preços do petróleo e do gás natural só aumenta a pressão de alta no carvão, já que ele é uma alternativa barata a outros hidrocarbonetos. A restrição de oferta e o aumento da demanda criam um potente coquetel altista para a maioria dos combustíveis fósseis.
Estoques de gás natural estão baixos perto da estação de pico
O gás natural atingiu seu preço mais alto desde fevereiro de 2014, diante da escassez de oferta na Europa e Ásia. Enquanto isso, os EUA exportam GNL em quantidades cada vez maiores, reduzindo os estoques do produto com a chegada do inverno, temporada de pico de demanda de gás natural no país. Os preços futuros do gás natural tendem a subir de novembro a fevereiro diante da incerteza gerada pelas temperaturas de inverno. Se o início da estação for muito frio, a tendência é que os preços do gás natural disparem. O inverno começou muito mais cedo neste ano nos EUA, com seus preços alcançando a máxima de US$6,466 por MMBtu. O inverno frio pode gerar uma ação ainda mais explosiva no gás natural, à medida que entramos na temporada de pico com uma oferta menor do que nos últimos anos.
Fonte: EIA
Como destaca o gráfico, a EIA, agência de informações energéticas dos EUA, relatou que o gás natural armazenado nos EUA estava 13,9% abaixo do mesmo nível do ano passado e 5,1% abaixo da média de cinco anos até a semana encerrada em 1 de outubro. Os estoques estão abaixo dos níveis em todas as regiões, com os hiatos mais significativos nos estados do Pacífico.
Temperaturas abaixo da média nas próximas semanas podem fazer o gás natural retomar a alta após os declínios recentes.
Gás natural forma padrão de reversão baixista no dia em que Putin prometeu maior oferta para Europa
No dia 6 de outubro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu aumentar a oferta de gás natural para a Europa durante o inverno. No entanto, o líder russo não informou quanto cobraria pela maior oferta da commodity energética aos europeus. Os preços do gás natural na Europa e Ásia atingiram máximas recordes nas últimas semanas, bem acima do pico histórico de US$15,65 por MMBtu no mercado futuro americano.
Ao mesmo tempo, a Rússia prometeu reduzir a pressão sobre o mercado futuro, o que contribuiu para a formação de um padrão baixista de reversão no gráfico diário em 6 de outubro.
Fonte: CQG
Como ressalta o gráfico, o gás natural registrou nova máxima em 6 de outubro e fechou abaixo da mínima do dia anterior, formando um importante padrão de reversão. O preço continuou em queda, corrigindo até abaixo de US$5,20 em 12 de outubro antes de repicar. O suporte técnico do contrato futuro para novembro está na mínima de 21 de setembro a US$4,766, com resistência na máxima de 6 de outubro.
No 3º tri, o setor de energia, excluindo o carvão, valorizou-se 8,76%. Nos nove primeiros meses de 2021, sua alta foi de 64,07% O petróleo, seus produtos derivados e o etanol estão acima dos fechamentos de 30 de setembro em meados de outubro. O gás natural sofreu correção até a região de US$5,59. No entanto, a tendência nas commodities de energia continua sendo de alta. De fato, o setor é o que registra melhores resultados em 2021, o que deve continuar. A política energética nos EUA está trilhando um caminho mais verde, o que pesa sobre a oferta de combustíveis fósseis. Dessa forma, as pressões inflacionárias não param de subir. A Opep e a Rússia aumentam sua influência sobre o mercado, enquanto a demanda não para de subir. A demanda em alta e a oferta em queda é um coquetel altista que pode gerar mais ralis nos combustíveis fósseis e todos os produtos de energia.