Um velho truque
Meu amigo Felipe Miranda propõe uma nova expressão característica da conjuntura atual: o “commodisastre”.
Há inúmeros sinais de alerta… e o Governo chinês continua abusando das ferramentas de estímulo.
Após dados sofríveis de exportação e ameaças de deflação, resolveu-se por desvalorizar o yuan em -1,9%.
Comparado com as flutuações do real, você pode imaginar que o movimento de -1,9% é irrisório.
Cabe então contextualizar o que aconteceu:
Trata-se da maior queda diária desde janeiro de 1994, quando o atual padrão único de câmbio fora adotado na China.
Vestindo a carapuça
Com tantas medidas anticíclicas, está cada vez mais difícil de acreditar que o PIB chinês cresce 7% ao ano.
China é hoje o maior risco global - e não falo apenas de bolhas no mercado de ações.
A Bolsa de Xangai ocupa manchetes pois suas variações são explícitas.
E as tantas outras variações implícitas que permanecem ocultas por trás da cortina vermelha?
No Brasil, o câmbio flexível está limpando a sujeira deixada embaixo de outros tapetes.
Quem fará esse papel na China? Qual será a válvula de escape?
Quanto maiores os esforços de represar as pressões atuais, maior o estouro futuro.
Comprando na baixa
Para os países exportadores de commodities, o estouro não fica relegado ao futuro.
Suas moedas derretem imediatamente, junto à desvalorização do yuan.
E VALE5 (SA:VALE5) derrete também.
Como se aproveitar disso?
Investidores profissionais interessados em construir uma posição barata em Vale com foco no longo prazo estão vendendo puts da mineradora.
Se a ação cair ainda mais, a put é exercida e o investidor compra VALE5 a uma cotação depreciada.
Se a ação ficar parada ou subir, a put não é exercida e o investidor coloca uma bela renda no bolso.
Nunca ouviu falar disso?
Aprenda esta e outras estratégias profissionais em nosso recém-lançado Curso Introdutório de Opções.
O mundo dá voltas
Lembra-se desta manchete em setembro de 2012?
Na época, a IMX de Eike Batista fechou um acordo para roubar o Cirque do portfólio da T4F, impondo queda diária de -18% a SHOW3 (SA:SHOW3).
Era então um indício inequívoco de aumento da competição predatória.
Apenas três anos depois, ninguém mais lembra da IMX...
E o earnings release de T4F comemora o encerramento das apresentações do espetáculo Corteo do Cirque du Soleil.
"É importante ressaltar que o Cirque du Soleil era representativo nestes indicadores operacionais, porém, como explicado em releases anteriores, com impacto bastante negativo nas margens da Companhia".
Vou dar a volta no mundo
Quase esquecida num cantinho da Bolsa, Metal Leve hoje pede licença para evidenciar resultados corajosos.
A empresa de autopeças conseguiu crescer ligeiramente as receitas e preservou margens, graças à rápida guinada rumo ao mercado externo.
Exportações para montadoras responderam por 39% das vendas, avançando +16% ano contra ano.
E daqui pra frente?
"Como perspectiva para este mercado [de exportações], vale ressaltar que a Companhia encontra-se em condições interessantes para conquistar novos volumes à frente, não apenas em razão da acentuada desvalorização cambial verificada nos últimos meses, mas também em razão da contínua evolução dos nossos indicadores de produtividade”.
Sinto-me sortudo em ter LEVE3 (SA:LEVE3) dentro de nossa Carteira de Barganhas da Bolsa.