O preço de um produto é determinado por uma variedade de fatores que refletem tanto a oferta quanto a demanda desse produto no mercado. Em suma, o preço de um produto é resultante da interação complexa entre oferta e demanda, custos de produção, condições do mercado e estratégias de preços, entre outros fatores, inclusive políticos e governamentais.
Ao observar o comportamento dos preços das commodities, percebe-se que eles consistentemente seguem a lei da demanda e da oferta. Em muitos casos, os ciclos de alta de uma commodity estão diretamente ligados à baixa disponibilidade do produto no mercado. Por exemplo, se houver uma má colheita de café devido a condições climáticas desfavoráveis, a oferta de café diminui, o que pode levar a um aumento nos preços. Da mesma forma, quando há uma escassez percebida de um produto, como petróleo, devido a conflitos políticos em uma região produtora importante, os preços tendem a subir.
Esse fenômeno é explicado pela lei da oferta e da demanda. Vejamos:
A Lei da Demanda afirma que, mantendo-se tudo o mais constante, a quantidade demandada de um bem ou serviço diminui à medida que o preço aumenta, e aumenta à medida que o preço diminui.
A Lei da Oferta afirma que, mantendo-se tudo o mais constante, a quantidade ofertada de um bem ou serviço aumenta à medida que o preço aumenta, e diminui à medida que o preço diminui.
No tocante à oferta, há que se ter em mente os diversos fatores que podem alterar a oferta das commodities. Para tanto, as informações relativas aos estoques são de fundamental importância.
Os estoques de produtos agrícolas em países e no mundo são gerenciados por uma combinação de entidades governamentais, empresas privadas, organizações internacionais e mercados de commodities. Aqui está um resumo de como funciona:
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Estoques Governamentais: Muitos países mantêm estoques estratégicos de produtos agrícolas para garantir a segurança alimentar e estabilidade de preços. Esses estoques são geralmente gerenciados por agências governamentais responsáveis pela agricultura ou segurança alimentar. Os governos podem adquirir e armazenar produtos agrícolas durante períodos de superprodução ou preços baixos e liberá-los para o mercado em tempos de escassez ou preços altos.
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Estoques Privados: Além dos estoques governamentais, empresas privadas, incluindo produtores, processadores e distribuidores, também mantêm estoques de produtos agrícolas. Esses estoques podem ser gerenciados para garantir um suprimento estável aos clientes ou para aproveitar oportunidades de mercado, como preços mais altos no futuro.
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Organizações Internacionais: Algumas organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), monitoram os estoques mundiais de alimentos e fornecem informações sobre tendências de oferta e demanda. Eles também podem coordenar esforços entre países para lidar com crises alimentares ou distúrbios no mercado.
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Mercados de Commodities: Os estoques de produtos agrícolas também são influenciados pelos mercados de commodities, onde os preços são determinados pela oferta e demanda. Os investidores, traders e empresas podem comprar e vender contratos futuros de produtos agrícolas para especular sobre os movimentos de preços ou proteger-se contra riscos de volatilidade.
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Eventos Climáticos e Políticas: Eventos climáticos extremos, como secas, inundações ou geadas, podem afetar a produção agrícola e os estoques disponíveis. Além disso, políticas governamentais, como subsídios agrícolas, tarifas de importação e exportação e regulamentações de armazenamento, também influenciam os estoques de produtos agrícolas.
Em resumo, os estoques de produtos agrícolas são gerenciados por uma variedade de entidades publicas e privadas em nível nacional e internacional, com o objetivo de garantir o abastecimento estável de alimentos, estabilidade de preços e segurança alimentar.
As principais causas das variações nos níveis de oferta das commodities agrícolas, como vimos, estão associadas a uma variedade de fatores, incluindo mudanças climáticas, doenças e pragas que afetam as plantações, problemas políticos e econômicos que podem interferir na produção e distribuição, bem como os níveis de estoque, tanto privados quanto governamentais.
Charles Dow, um dos pioneiros da análise de mercado, acreditava que os preços refletem todas as informações disponíveis, sejam elas de natureza fundamental ou emocional. Portanto, os movimentos nos preços das commodities refletem as expectativas de todos os participantes do mercado, desde os agricultores que produzem o produto até os investidores que especulam sobre seu valor futuro.
É interessante notar que, de acordo com a teoria de Dow, os gráficos de preços normalmente sintetizam todas as variáveis que influenciam o preço do respectivo ativo. Assim, períodos de tendência de baixa ou alta muitas vezes coincidem com períodos de escassez real ou esperada. Por exemplo, durante um período de baixa safra prevista de trigo devido a condições climáticas adversas, os preços futuros do trigo podem aumentar à medida que os investidores respondem às informações sobre a redução esperada na oferta.
Por se tratar de um tema muito relevante, diretamente ligado à subsistência humana, são abundantes as informações sobre os níveis de estoques, produção e preços das commodities agropecuárias. Por outro lado, se possível, é muito importante se inteirar do Planejamento de Segurança Alimentar.
Operar com sucesso na bolsa de valores, especialmente no mercado de commodities, apenas com base no conhecimento e interpretação gráfica é possível, mas pode ser desafiador. A análise técnica, que se concentra na interpretação de gráficos de preços e indicadores técnicos, é uma abordagem comum para tomar decisões de negociação nos mercados financeiros.
Embora a análise técnica possa fornecer insights valiosos sobre padrões de preços passados e tendências de mercado, ela não leva em conta fatores fundamentais, como dados econômicos, notícias corporativas ou eventos geopolíticos. Esses fatores podem ter um impacto significativo nos preços das commodities e podem não ser totalmente refletidos nos gráficos.
Assim, o operador ou investidor de commodities agrícolas pode alcançar maior assertividade e sucesso se possuir um bom domínio da interpretação gráfica e, ademais, acompanhar as informações relativas à disponibilidade atual e futura do ativo, assim como outras questões que possam influenciar o preço do ativo.